Gilberto Cardoso Alves Velho, um dos primeiros da sua área a se tornar membro da ABC, graduou-se em Ciências Sociais no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ) em 1968. Obteve o mestrado em Antropologia Social no Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ, em 1970. Especializou-se em Antropologia Urbana e das Sociedades Complexas na Universidade do Texas, em Austin (EUA) e concluiu o doutorado em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo, em 1975.
Lecionou e pesquisou em Antropologia Social: seu trabalho é pioneiro nos estudos de antropologia urbana, tanto no Brasil quanto no exterior. Destaquem-se, entre outras, sua contribuição ao estudo de camadas médias e elites urbanas, assim como suas pesquisas em torno de uma teoria das acusações. Sua obra percorre áreas diversificadas como a antropologia das sociedades complexas, a teoria da cultura, a antropologia e sociologia da arte, estudos de transe e possessão, desvio, a problemática do uso de drogas, violência e interpretações do Brasil.
Desenvolveu trabalhos também sobre família e parentesco e atualmente realizava pesquisa em Carreiras, Projeto e Mediação em Sociedades Complexas, em que investigava as relações entre vários níveis e domínios da realidade sócio-cultural, assim como processos de construção social da realidade e de definição de situação a partir das tradições interacionista e fenomenológica das ciências sociais. Nos últimos anos, preocupou-se em estabelecer comparações entre o Brasil e outras sociedades, particularmente com Portugal.
Exerceu todos os cargos do magistério – auxiliar de ensino, assistente, adjunto e titular – e ministrou aulas nos cursos de pós-graduação de várias universidades. Foi professor visitante e conferencista em universidades como a Northwestern University, Boston University, Columbia University, Berkeley University, University of Texas (Austin), Universidade de Utrech e Universidade de Leiden (Holanda), Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e Museu Nacional de Etnologia de Lisboa (Portugal), Universidade de Goa (Índia), entre outras.
Presidiu a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), a Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), e foi vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Integrou o Conselho Federal de Cultura, o Conselho Deliberativo do CNPq, o Conselho Consultivo da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e a Comissão de Coordenação do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex). Era membro da Coordenação de Programas de Estudos Avançados (Copea/ UFRJ) e pesquisador 1-A do CNPq.
Publicou mais de 160 artigos em periódicos nacionais e internacionais, além de ter sido organizador e autor de 16 livros. Foi homenageado com a Medalha UERJ-40 Anos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1990 e com a Medalha Capes 50 Anos, do Ministério da Educação (Capes/MEC), em 2001. Foi eleito Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) em 2000. Recebeu da Presidência da República do Brasil a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995 e a Grã-Cruz em 2000.
O presidente da ABC, Jacob Palis, lamentou profundamente o ocorrido. “É uma grande perda para nós, cientistas, para a ABC e para o Brasil.”
O Acadêmico tinha 66 aos e teve uma AVC enquanto dormia, na madrugada de 14 de abril. O corpo será velado na Capela 7 do cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, da 10 às 17hs do domingo, 15 de abril.
