Na manhã do segundo dia de seminários do IV Workshop Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (Adapta), que teve início nesta segunda-feira (02), foi dado destaque aos resultados de projetos e discussões sobre novos rumos das pesquisas, com palestras de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

O diretor do Inpa e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Adapta, o Acadêmico Adalberto Val, realizou a palestra “Peixes da Amazônia e mudanças climáticas”, que busca esclarecer quais os efeitos das mudanças climáticas sobre os peixes amazônicos, uma das pesquisas que o projeto realiza. “As mudanças climáticas estão associadas com a atividade do homem no aumento de queimadas com o desmatamento. A Amazônia tem um papel importante no ciclo de carbono planetário, e pode ser considerada como uma região de grande risco do ponto de vista das influências das mudanças climáticas”, afirmou o coordenador.

Algumas das mudanças previstas, pesquisadas por Val, são: o aumento da temperatura e o da concentração de gás carbônico das águas, mudanças que podem atingir todo o ecossistema do planeta, não somente a Amazônia. “Essas mudanças no clima, para o tambaqui por exemplo, poderão acarretar em várias perturbações, apesar de ser um animal com grau elevado de adaptação a diversos ambientes. E isso afetaria tanto o consumo da proteína como o sustento econômico”, alerta.

Segundo Val, o Adapta procura responder questões importantes para o desenvolvimento dos organismos reproduzindo os cenários de mudanças climáticas com base em dados previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o ano de 2100. “O adapta está se propondo a entender como esses diferentes organismos respondem a um desafio ambiental ou então como um único organismo pode sobreviver a diferentes desafios ambientais”, explica.

Logo após, a pesquisadora do Inpa e Acadêmica Noemia Kazue Ishikawa palestrou sobre o crescimento de fungos e cogumelos na Amazônia, primeiro resultado de pesquisa fora do microcosmos (onde serão reproduzidos os cenários de mudanças climáticas). “Os resultados obtidos confirmam a característica térmica dos cogumelos coletados em Manaus, por apresentar maior produção de biomassa a 35°C em um tempo maior de incubação. É necessário ampliar o tempo de incubação para este cogumelo atingir a fase estacionária do crescimento micelial, no entanto na avaliação a 45°C será necessário aplicar estratégias para contornar a redução do meio de cultura por evaporação”, avaliou Kazue.

Ainda durante a manhã palestraram Daniel Fagundes, Renato Lemgruber, Carlos Henrique Santos, Marize Sakuragui, do Inpa e a professora Adrea Ghelfi, da Ufam, que realizou a palestra intitulada “Análise da expressão diferencial em espécies amazônicas”.

O workshop é patrocinado pela Biotec – Controle ambiental, Applied Biosystems, Prisma e conta com o apoio da Fapeam, CNPq, Capes, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Inpa.

Adapta

O INCT Adapta representa uma rede de atividades de Biologia Aplicada e tem como proposta buscar um novo momento no estudo das Adaptações de organismos aquáticos da Amazônia por meio da incorporação de novos equipamentos, da estruturação de um serviço de bioinformática, da capacitação de pessoal em todos os níveis além da produção de livros paradidáticos sobre os estudos.