Alessandro Bernardi, diretor de Inovação e Tecnologia da Braskem, apresentou no 1o Simpósio Academia-Empresa da Bahia as atividades realizadas pela empresa, que trabalha com a indústria petroquímica brasileira.”Atuamos com petroquímicos básicos e resinas termoplásticas, que são os nossos principais negócios.”

A Braskem é a maior produtora de resina das Américas, com alta liderança de mercado. De acordo com Bernardi, a companhia tem competitividade de custos e, pelos anos de mercado, conseguiu adquirir know-how e autonomia tecnológica. “As empresas que eram nossas fornecedoras de tecnologia, tornaram-se competidores”, conta.

Gestão da inovação: experiência a ser construída

Atualmente, o foco da empresa é o desenvolvimento de produtos e aplicações em parceria com seus clientes. Em termos mundiais, a Braskem está em 8º lugar no mercado petroquímico. “É um dos maiores exportadores, com presença global”, aponta o diretor. Ele conta que a instituição é estruturada em unidades de negócios, inclusive com uma unidade internacional, localizada nos Estados Unidos. “A inovação é a chave para a empresa crescer. O sucesso de um programa de inovação é fruto de disciplina e um processo estruturado.”

Bernardi observa que, através de oportunidades e ameaças, a empresa escolhe as melhores ideias que serão transformadas em projetos que geram valor para o cliente. “Esse processo é um funil. Às vezes temos recursos, temos equipe, mas não sabemos como fazer a gestão. A gestão é um ponto fundamental, que envolve, inclusive, a relação com a academia”, aponta, acrescentando que a gestão da inovação é a área que mais precisa avançar.

Cultura de inovação é fundamental

Para ele, é preciso desenvolver uma cultura inovadora positiva dentro da empresa. “Em nosso modelo de inovação aberta, ocorre a integração de ideias internas, oriundas do setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), com as externas, atraindo parceiros e projetos integrados às redes temáticas que a Braskem estabelece.”

Bernardi levantou a seguinte questão aos presentes: como estabelecer uma relação de confiança em todas essas frentes? Segundo ele, a confiança tem que ser a base, pois a área jurídica brasileira não está preparada para lidar com inovação. “Iniciativas para uma rede de desenvolvimento com universidades e centros de pesquisa são sempre bem-vindas. A Braskem possui um processo seletivo para bolsas de estudo em mestrado e doutorado, estimulando a gestão em pesquisa”, explica.

Parcerias bem sucedidas

Em redes de cooperação aberta, o diretor citou como exemplo um caso específico envolvendo a Braskem e a Petrobras. O objetivo era produzir um cabo off shore através do fio de UTEC. “Não tínhamos conhecimento prévio, mas estabelecemos um termo de cooperação. Nos perguntamos: Onde buscar esse conhecimento?. A resposta: em outras empresas”, conta Bernardi. Tendo isso em vista, eles convidaram a melhor empresa da área de trançado de cabo; porém, para que o produto fosse usado, a Petrobras precisaria mudar a maneira de ancorar o material. “Convidamos, então, uma empresa especializada em simulação de ancoragem, com sede na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), para auxiliar no projeto, que deu certo. É preciso gerenciar prazos e conflitos de interesse para obter sucesso na inovação”.

Além do modelo de rede aberta, a empresa valoriza o investimento interno. No Centro de Pesquisa, mais de U$400 milhões de dólares são destinados à P&D. Além disso, existem cerca de 220 pesquisadores trabalhando na companhia e mais de 400 patentes já foram registradas globalmente.

No estado da Bahia, a Braskem mantém uma parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa (Fapesb) em energias renováveis. “A captação de profissionais de excelência para as novas demandas é essencial em todos os setores e lugares que atuamos, assim como o acompanhamento das metas é fundamental”, destaca o diretor. Nos últimos três anos, foram lançados novos produtos, subindo de 220 em 2008 para 388 em 2010. “Lançamos um projeto de inovação anual e aumentamos nosso número de patentes.”

Em prol de uma química sustentável

Por fim, Bernardi afirmou que a meta da empresa para 2020 é se tornar líder mundial em química sustentável, inovando para melhor servir à sociedade. “Queremos deixar de ser reconhecidos como empresa petroquímica e passarmos a ser identificados com a química sustentável”. O projeto com polímeros verdes, produzidos a partir do álcool da cana de açúcar, é motivo de satisfação. “Somos a primeira empresa do mundo a certificar um polímero de fonte 100% renovável. Ganhamos muitos prêmios e seguiremos por esse caminho”.