Leia o artigo do Acadêmico Gilberto Barbosa Domont, que trata do tema “Origem genética da auto-imunidade na Doença de Chagas e o resgate da ciência brasileira: o trabalho de Antonio Teixeira”.
“A ciência não descansa, pois sempre há mais para ser feito e conhecido.
Esta lição, aprendida pelo Dr Antonio Teixeira, do Laboratório Multidisciplinar em Doença de Chagas da Universidade de Brasília ao longo de sua vida científica, fez com que nunca desistisse de tentar comprovar sua hipótese para explicar a infecção pelo Trypanosoma cruzi em diferentes modelos experimentais. Na manhã de 14 de fevereiro de 2010, os cientistas aprenderam que “genes do parasito da doença de Chagas podem ser transferidos para o hospedeiro e para seus filhos”. Essa foi a comunicação transmitida ao publico pelo artigo Inheritance of DNA from Trypanosoma cruzi to Human Hosts publicado na revista PLoS ONE.
Em 2011, o trabalho Trypanosoma cruzi in the Chicken Model: Chagas-Like Heart Disease in the Absence of Parasitism, publicado na PloS Neglected Tropical Diseases, o levou, com seus colaboradores, a fechar um ciclo de informações e a confirmar os dados publicados na Cell Magazine, assassinados em 2005, por uma inconcebível “unilateral retreat”. Junto com o artigo de julho na Clinical Microbiology Reviews, “Pathogenesis of Chagas Disease: Parasite Persistence and Autoimmunity”, o Dr Teixeira et al. dão luz à mudança de paradigma alcançada pelo grupo: a transferência lateral de DNA e sua herança pelos descendentes de chagásicos.
O grupo desvendou a patogênese de uma doença conectada com o maravilhoso fenômeno da evolução das espécies. A doença é fortuita, mas a transferência de DNA do Trypanosoma cruzi para seu hospedeiro é inexorável, sob influencia dos fatores (infecção) do ambiente. Darwin e Lamarck ficariam felizes ao ver que suas teorias são complementares.
Os objetivos maiores desta nota são destacar a importância científica da quebra de um paradigma cientifico internacionalmente aceito, bem como de suas conseqüências políticas, pois algumas vezes é penoso para Mefistófeles aceitar a petulância de grandes descobertas abaixo da linha do Equador; lembrar a comunidade cientifica nacional o seu dever de resgatar a Ciência feita por brasileiros em seu país; e lançar um desafio as Instituições brasileiras para que se interessem pelo tema e reparem a injustiça demandando junto a Cell Magazine Org a reinstauração do arquivo depositado pelos autores brasileiros no website da revista.”