A infância de Rodrigo da Silva e seus oito irmãos foi passada no interior do Rio Grande do Sul, na região da fronteira com a Argentina, pescando, andando a cavalo nos pampas gaúchos e jogando bola, quando iam para a cidade. O pai era representante comercial e a mãe era dona de casa. Na escola fundamental gostava de geografia, história e ciências; já no ensino médio, suas disciplinas preferidas eram física e química. Seu interesse por ciência surgiu em função da oportunidade que a área oferecia de explorar e investigar coisas novas.

O irmão mais velho fazia a faculdade de medicina veterinária e Rodrigo entrou para a graduação em física na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, e fez iniciação científica na área de ciências ambientais. Rodrigo não tem recordação de um momento determinado em que escolheu ser cientista. “A partir da iniciação científica, fui me envolvendo com bolsas e estágios e, quando percebi, já estava fazendo pesquisa.”

A continuidade para o mestrado e o doutorado, realizados na mesma universidade, foi natural. Em termos acadêmicos, seu orientador Osvaldo Luis Leal de Moraes foi o seu norte, além dos colegas da época, que trabalhavam pela coletividade, ajudando uns aos outros. Rodrigo da Silva identifica também em sua carreira forte influência dos seus orientadores e grandes amigos, os professores Otavio Acevedo e David Fitzjarrald, que lhe deram a oportunidade de estar entre os melhores na sua área de atuação. “E minha esposa, sem dúvida alguma, teve grande participação nas minhas escolhas. Sem ela, nada teria ocorrido”, declara o Acadêmico.

Seu trabalho de pesquisa está relacionado ao melhor entendimento dos processos e/ou fenômenos físicos que ocorrem na atmosfera, que é diretamente influenciada pelas características da superfície terrestre. Ele procura entender como as mudanças nesta superfície alteram aqueles processos. “Isso hoje é fundamental para entendermos como as mudanças climáticas afetam uma determinada região, assim como para compreender como aquela região contribui para o sistema climático local, regional e global”, explica Rodrigo, que estuda a região Amazônica. “Adoro esse trabalho, porque meu laboratório está, literalmente, a céu aberto”, entusiasma-se o pesquisador.

Em 2006, Rodrigo da Silva se tornou professor adjunto do curso de Física Ambiental do então Campus Santarém da Universidade Federal do Pará (UFPA), a qual no final de 2009 tornar-se-ia a mais nova universidade federal da Amazônia, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Ainda como professor da UFPA, em 2008, junto com outros doutores de Santarém, Rodrigo fundou o Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia. Desde 2009 está como coordenador regional do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), em Santarém, e em 2010 passou a integrar o Comitê Científico Internacional desse programa, uma das maiores experiências científicas do mundo na área ambiental, desenvolvido por 281 instituições nacionais e estrangeiras sob a coordenação cientifica do INPA. Neste mesmo ano, foi convidado a assumir o cargo de diretor de Pós-Graduação da Ufopa, onde também é líder do grupo de pesquisa “Biogeofísica da Região Amazônica e Modelagem Ambiental (Brama)” e atua como pesquisador em parceria com grupos nacionais e internacionais.

Sua escolha pela Amazônia se deu por vários fatores, inclusive os relacionados às belezas naturais, tranquilidade e qualidade de vida – uma vez que escolheu Alter do Chão, local paradisíaco, para viver com a família. Outro fator fundamental diz respeito à possibilidade de contribuir para a compreensão de todo o funcionamento biogeofísico da Amazônia, por poder continuar atuando num dos maiores projetos ambientais em curso no planeta, o Programa LBA/MCT. Pesou ainda na sua escolha a contribuição efetiva para a formação local dos futuros cientistas da Amazônia. Ele conta que passou muito tempo de sua carreira preocupado em adquirir conhecimento, depois em gerar conhecimento e, por fim, formar recursos humanos da melhor forma possível, valorizando ao máximo a responsabilidade e a ética – já orientou, entre outros, 131 alunos de iniciação científica, em nível médio e superior.

Ser eleito membro Afiliado da ABC, a seu ver, foi um reconhecimento de que sua forma de pensar a ciência está no caminho correto. “Os benefícios pessoais desse título são significativos, mas o mais importante para mim, nesse momento, são os benefícios que a relação com a ABC pode trazer para o nosso grupo de pesquisa, para nossa pós-graduação em Santarém e para nossa recém criada Universidade Federal do Oeste do Pará. Pretendo atuar como um divulgador da ciência e das propostas da ABC, principalmente daquelas relacionadas à Amazônia, educação e difusão do conhecimento cientifico.”