Entender a história da evolução urbana da cidade do Rio de Janeiro na segunda metade do século XX pelo depoimento de engenheiros e arquitetos que ajudaram a realizar obras, como o desmonte do Morro do Castelo, o Museu de Arte Moderna (MAM), o Edifício Avenida Central, o Pavilhão de São Cristóvão, o Aterro do Flamengo, o Elevado do Joá e a Ponte Rio Niterói. Este é o tema do documentário de 24 minutos Entre Morros e Mares, produzido por alunos dos cursos de Arquitetura e de Cinema da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), sob a coordenação da arquiteta e professora Ana Luiza de Souza, concluído no final de 2010. O filme foi um dos 51 projetos apresentados em seminário realizado na última sexta-feira, 30 de setembro, na sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC), como resultado do edital Apoio à Produção de Material Didático-2009. O evento teve início na parte da manhã e se estendeu até o final da tarde.

Jerson Lima (1º à direita) com Ruy Marques e Mônica Savedra.

A mesa de abertura contou com a presença do presidente da FAPERJ, Ruy Garcia Marques; do diretor científico da Fundação e da ABC, Jerson Lima, e da coordenadora do programa de Auxílio à Editoração (APQ 3) e do edital Apoio à Produção de Material Didático, Mônica Savedra. Ruy Marques falou sobre o surgimento do edital e da realização do evento. “Ele surgiu a partir da necessidade que sentimos de incentivar, não somente a publicação, realizada por meio do APQ 3 (auxílio editoração), mas a própria produção de material didático”. E complementou: “Temos realizado diversos seminários como este, contemplando os mais diferentes programas lançados, com o intuito de verificar se a FAPERJ vem cumprindo com o seu papel de fomentar ações que ajudem a melhorar a qualidade de vida da população”. Jerson Lima lembrou a necessidade de universidades e instituições de pesquisa produzirem conteúdo com esta finalidade. “Cada vez mais, no Brasil e no mundo, tem se dado importância à produção de materiais didáticos de qualidade”, afirmou. Já Mônica Savedra lembrou o incentivo que a Fundação vem dando à melhoria do ensino no estado e o aspecto inovador do edital de Apoio à Produção de Material Didático. “Desde 2007, com a criação dos editais de Apoio à Melhoria do Ensino nas Escolas Públicas, a Fundação tem investido nesta área. Vale lembrarmos que os projetos contemplados nesse edital são voltados a diferentes níveis de ensino, desde o fundamental até a pós-graduação. Além disso, o edital contou com a aplicação de diferentes áreas do conhecimento, representadas por diferentes instituições de ensino e pesquisa do estado”, acrescentou Mônica.

Os projetos mostraram materiais didáticos voltados para formação e aperfeiçoamento de professores e alunos, em filmes, DVDs, CDs, sites, blogs, livros digitais, apostilas, cartilhas educativas, entre outros. Como exemplo da diversidade apresentada, Luis Antônio Botelho, da Universidade Federal Fluminense (UFF), elaborou dois vídeos experimentais e um blog para discutir questões ligadas à biologia. “O blog explica o andamento do projeto e ainda apresenta textos a serem discutidos. O primeiro vídeo ajuda os professores a discutirem em sala de aula questões ligadas ao conceito biológico de o que é vida, enquanto o segundo fala sobre como ela surgiu”, afirma Botelho. Sarah Cohen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou um projeto sobre dança. “Reunimos um material documental para falar sobre a história da dança moderna no Brasil, destacando os fundamentos de corpo, movimento, espaço, forma, tempo e dinâmica da dança elaborada por Helenita Sá Earp”, explicou Sarah.

Na área de veterinária, André Lacerda de Abreu Oliveira, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), elaborou o livro e o DVD Cirurgia toráxica em pequenos animais para ajudar professores a elaborarem modelos padronizados em cirurgia experimental cardíaca na área de veterinária”, afirmou Oliveira. Em engenharia geotécnica, ciência destinada a estudar problemas relacionados a solos e rochas, Denise Maria Soares Gerscovich, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), apresentou uma série de apostilas disponíveis para internet e voltadas para alunos de graduação, pós-graduação e professores de universidades. “Acontecimentos recentes, como os deslizamentos de terra que atingiram a região serrana fluminense, são exemplos da necessidade de investirmos em material didático nesta área”, explicou Denise.

Esteban Lopez Moreno, do Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), apresentou o jogo didático Trunfo Químico, voltado para estudantes do ensino médio de escolas públicas estaduais. Semelhante ao jogo de cartas Supertrunfo, ele substitui os carros, aviões e motos do similar original pelos 32 elementos químicos mais comuns, cada um deles com seis características daquele elemento: densidade, raio covalente, ponto de fusão, primeira energia de ionização, eletronegatividade e abundância no corpo humano. “O jogador deve escolher uma das características e comparar com a dos adversários; quem tiver o maior valor ganha as cartas da rodada”, explicou Moreno. Marisa Fernandes Mendes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), coordenou uma equipe de dez professores na elaboração de um manual de procedimentos para laboratórios de engenharia química da universidade. O material foi dividido em três sessões: Manual de Segurança em Laboratório, Laboratório de Engenharia Química I e Laboratório de Engenharia Química II. “As sessões vinculam disciplinas criadas a partir da reformulação do currículo do curso, servindo como manual teórico e prático para tais disciplinas”, afirmou Marisa.

Carlos Henrique de Freitas Burity, da Universidade do Grande Rio (Unigranrio), de Duque de Caxias, apresentou um mapa digital de morfologia comparada para ser disponibilizado na internet e para download gratuito. “A maior parte dos nossos alunos trabalha e, em geral, não tem recursos para adquirir os livros de referência da área médica, normalmente bastante caros. Daí a importância do projeto”, explicou Burity. Robson Coutinho Silva e mais outros três professores do Espaço Ciência e Vida (ECV) criaram um kit constituído por um Caderno de Mediação, dividido em três blocos (biologia, física e matemática), um CD-Rom, um espelho para experiências em física e um módulo contendo formas geométricas para exercícios de matemática. “Os kits foram preparados para que atividades pedagógicas do ECV, orientadas por mediadores ou monitores, produzissem uma maior interação do público com as disciplinas e conteúdos ministrados”, disse Silva.

Participaram como observadores do evento o professor da UFRJ e diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ildeu de Castro Moreira; o coordenador de área de medicina da FAPERJ e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, Adauto José Gonçalves de Araújo; o coordenador de área de biologia da Fundação e pró-reitor de Ensino da Universidade Federal Fluminense (UFF), Renato Crespo; e a assessora científica da FAPERJ e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ, antiga Escola Técnica Federal de Química), Leila Pontes da Silva e Renato Casimiro da EDUerj (editora da Uerj).

Todos foram unânimes em elogiar a iniciativa da FAPERJ e a qualidade dos projetos apresentados no evento. “Apesar do tempo cur
to para cada apresentação, o objetivo principal foi atingido, mostrando a diversidade da produção e, mais do que isso, o interesse de pesquisadores altamente produtivos em seu campo de atuação”, afirmou Adauto. Como resultado da excelência do evento, Ildeu sugeriu que todos os trabalhos apresentados fossem disponibilizados na página do Portal do Professor do MEC. “O evento não deixou dúvidas sobre o sucesso do edital. Os pesquisadores participantes também foram unânimes em declarar a importância de reedição deste edital pioneiro, que teve como objetivo apoiar a produção de material didático para os diferentes níveis de ensino em nosso estado”, conclui Mônica Savedra.