Quando o presidente da ABC Jacob Palis ligou para a química Mariana Antunes Vieira para informar que ela tinha sido uma das sete vencedoras do Programa Loréal-ABC-Unesco para Mulheres na Ciência, ela mal pôde acreditar, pois sabia que a concorrência era grande. “Este prêmio é um incentivo para a minha carreira e abre espaço para a mulher brasileira mostrar sua contribuição para a sociedade, através da ciência”.

Nascida no interior e incentivada pelos pais, Mariana mudou-se para Florianópolis para fazer graduação e licenciatura na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Durante dois anos, esteve envolvida com iniciação científica em química orgânica e, em função da experiência obtida no laboratório, interessou-se pela pesquisa. Optou por mudar de área quando iniciou o mestrado, seguindo no doutorado em química analítica na mesma universidade. Parte do doutorado-sanduíche foi feito no Canadá.. Mariana destaca que seu marido, que conheceu ainda na graduação, foi a pessoa mais importante durante este período, pelo seu apoio incondicional. “A escolha pela área de química analítica também foi influenciada por ele. Hoje atuamos juntos na mesma universidade e na mesma linha de pesquisa”.

Mariana explica que na química analítica são analisados e quantificados elementos químicos tóxicos e não tóxicos em diversos tipos de amostras – alimentos, águas, combustíveis, etc. Suas pesquisas são direcionadas para o controle de metais como sódio e potássio em amostras de biodiesel. O projeto laureado visa o desenvolvimento de métodos de análise para controle de quantidades da glicerina resultante da produção de biodiesel no Brasil, para que ela possa ser aproveitada como matéria-prima pelas indústrias de cosméticos e alimentos. “Essa glicerina, sem destino adequado, torna-se um problema para o meio ambiente”, explica a pesquisadora.

Mariana passou a infância em Lages, no interior de Santa Catarina, em uma família de cinco irmãos. Desde pequena, lembra que gostava de dar aulas aos gatos e cachorros da família. Os pais sempre incentivaram os filhos a estudar. As lembranças da infância são de cadernos arrumados e do amor pela biologia. “Na 8a série, tive um professor chamado Paulão que fez a turma decorar a tabela periódica. Tirei dez e me apaixonei pela química”.

Mariana destaca que a ciência poderá resolver muitos problemas poderão ser resolvidos ou, pelo menos, minimizados, como a contaminação ambiental, o alto consumo de energia e o tratamento ou prevenção de doenças graves. ” É com essa perspectiva que o cientista deve trabalhar. O importante é fazer o que se gosta, com dedicação, persistência e paciência, de modo que isso traga benefícios para a sociedade. A ciência é fascinante. Surpreendo-me todos os dias com as descobertas.”