A revista Veja, em sua última edição do mês de agosto, fez um especial de dezessete páginas sobre 50 histórias de sucesso de pessoas que, de alguma maneira, ajudaram o país a crescer e trouxeram novas perspectivas. São brasileiros que mudaram as regras do jogo, ganharam repercussão regional, nacional e internacional e, além disso, contribuíram positivamente para o país através de suas ideias e inventos.

As áreas de atuação englobam ciência, ambiente, tecnologia, cotidiano, agropecuária, saúde, esporte, cultura, indústria e finanças. Na lista figuram nove Acadêmicos e uma ganhadora do prêmio Loreal-ABC-UNESCO Para Mulheres na Ciência do ano de 2009. Confira abaixo os selecionados.

Erney Felício Plessmann de Camargo – Médico e pesquisador emérito pela Faculdade de Medicina e pelo Instituto de Ciências Biomédicas, ambos da Universidade de São Paulo (USP), Camargo realiza um trabalho sobre a Doenças de Chagas. Na década de 60, desenvolveu um meio de cultivo, in vitro, do parasita Trypanosoma cruzi, que facilitou o estudo do combate à enfermidade. Antes, havia uma grande dificuldade para se conseguir quantidade suficiente de microrganismos para análise bioquímica e genética.

Iván Antonio Izquierdo – Médico, neurocientista e coordenador do Centro de Memória da PUC do Rio Grande do Sul, o pesquisador desvendou o mecanismo cerebral que controla a persistência de uma recordação. Em 1998, ele e sua equipe descobriram que a memória de curto prazo (que pode durar até três horas) e a de longo prazo (que pode permanecer por toda a vida) atuam separadamente. Antes se trabalhava com a hipótese de que a memória de longo prazo era composta de fragmentos da de curto prazo.

Jacob Palis – Presidente da ABC e pesquisador emérito do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Palis é autor de um texto muito conhecido entre seus pares, a “Conjectura global dos sistemas dinâmicos”, escrito em 1995. Ele diz que a maioria dos sistemas (conjunto de elementos interligados, como o sistema climático, por exemplo) tem seu comportamento regido por um número finito de ocorrências características que constituem o “destino final” de suas trajetórias. Modelos inspirados naquele apresentado por Palis são usados mundialmente para estudar, por exemplo, as taxas de crescimento populacional.

Martin Schmal – O engenheiro químico inventou um catalisador para motores diesel que diminui a fumaça preta que esses motores costumam soltar, devido à má combustão, e reduz os poluentes. “Essa fumaça carrega gases como o monóxido de carbono, altamente tóxico e letal, além de outros compostos nitrosos prejudiciais ao pulmão”, alerta. A invenção acelera a queima de gases, eliminando-os totalmente.

Mayana Zatz – Professora do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da USP, Zatz identificou em 1995 um gene ligado a um tipo de distrofia dos membros. A identificação só foi possível a partir do estudo de células-tronco. “Além do potencial futuro de regenerar tecidos, as células-tronco obtidas de pacientes com doenças genéticas constituem material precioso para pesquisas. Se conseguirmos entender o que protege algumas pessoas dos efeitos deletérios de uma mutação, abriremos novos caminhos”.

Miguel Nicolelis – O neurocientista da Universidade Duke, nos Estados Unidos, implantou um chip no cérebro de uma macaca Rhesus e conseguiu que ela movimentasse um braço robótico no Japão. O passo seguinte foi o anúncio, amparado em vastas investigações, de que o feito com o símio era a estrada para algo espetacularmente maior: implantes de próteses na cabeça de pacientes com lesões de medula, de modo a permitir que, vestidos com uma espécie de armadura robótica, eles possam se locomover por meio da atividade elétrica cerebral. Nicolelis tem o sonho de abrir a Copa do Mundo de 2014 com o pontapé inicial dado por um adolescente com problemas de locomoção, tetraplégico, fazendo-o andar por meio de comandos neurológicos.

Ruth Sonntag Nussenzweig e Victor Nussenzweig – A vacina contra a malária está em fase final de testes. Quando for comprovada sua eficácia, sem efeitos colaterais para o ser humano, em torno de 250 milhões de pessoas deixarão de ser infectadas anualmente e pelo menos 1 milhão de mortes poderão ser evitadas em todo o mundo. Convém creditar parte dessa redução aos dois Acadêmicos, professores e pesquisadores que trabalham na Universidade de Nova York. Em 1967, Ruth comprovou que era possível adquirir imunidade à malária, retirando a casca do parasita causador da doença. Dessa constatação, deu-se início ao desenvolvimento da vacina. Victor descobriu uma proteína que, imunizada, impede a infecção do hospedeiro.

Thaisa Storchi-Bergmann – Buracos negros são regiões onde a força gravitacional é tão grande que acaba sugando estrelas e até galáxias inteiras. Em 1991, quando trabalhava em um observatório nos Andes Chilenos, a astrofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apontou o telescópio para uma galáxia a 60 milhões de anos-luz da Terra. Descobriu, surpresa, um disco de poeira cósmica, que era uma estrela que ainda não tinha sido sugada. Não havia, até aquele momento, evidência de que buracos negros existissem no centro da maioria das galáxias.

Elysandra Figueredo – Ganhadora do prêmio Loreal-ABC-UNESCO Para Mulheres na Ciência do ano de 2009, a astrônoma da USP, que em 2005 trabalhava com o marido no Telescópio de Pesquisa Astrofísica do Sul, no Chile, identificou uma explosão estelar, por meio da captação da emissão de raios gama, a 12,7 bilhões de anos-luz da Terra, ocorrida, acredita-se, a 1 bilhão de anos depois do Big Bang. O trabalho contribui para a compreensão acerca do evento que deu início ao universo.

Para ler a matéria completa, acesse o link.