Organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pelo Instituto Central de Pesquisa de Químicos Salinos e Marinhos (CSMCRI, na sigla em inglês), do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da Índia, foi realizado o I Workshop Índia-Brasil sobre Bioenergianos dias 1 e 2 de agosto. O evento ocorreu no CSMCRI, situado em Bhavnagar, na Índia. O Grupo de Trabalho (GT) para colaboração Índia-Brasil em Bioenergia, coordenado no Brasil pelo Acadêmico Carlos Henrique de Brito Cruz, também participou da organização, junto com o GT da área na Índia.
A delegação brasileira, liderada pelo Prof. Luiz Augusto Barbosa Cortez, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, encontrou-se com o diretor do CSMCRI, o Dr. Pushpito K. Ghosh (à esquerda na foto com Cortez), que integrava um grupo de pesquisadores indianos do instituto. O objetivo do encontro era facilitar a cooperação entre ambos e promover a troca de experiências, visando ganhos a longo prazo. Um segundo workshop deverá ser realizado no Brasil proximamente.
Tendo em vista a grande população indiana e a carência por áreas para a agricultura, cenário totalmente oposto ao brasileiro, é preciso pensar soluções criativas. Embora a indústria de biodiesel brasileiro ainda precise evoluir bastante, o país produz 2,5 milhões de litros de biodiesel derivado da soja. Segundo Cortez, “é evidente que os dois países veem a bioenergia como uma área essencial para o desenvolvimento acelerado e sustentável, podendo atuar como grandes parceiros.”
Durante a reunião, os pesquisadores reconheceram que ambos os lados têm suas próprias prioridades e restrições, em vista das diferenças demográficas e geográficas mas, ainda assim, há possibilidade de colaboração em áreas que foram selecionadas como estratégicas. Entre elas, encontram-se questões como o manejo do solo, a sustentabilidade – levando em consideração aspectos como o uso e qualidade da água -, o gerenciamento do lixo, o estudo de processamento e conversão da cana-de-açúcar em bioetanol, eletricidade e produtos químicos de alto valor agregado, entre outros.
Com o objetivo de diminuir os desafios que cercam o biodiesel, foi acordado que o programa brasileiro é um caso a ser estudado, a fim de contribuir para o desenvolvimento tecnológico do programa indiano. Um dos pesquisadores do CSMCRI ressaltou o potencial e a experiência do país com o biodiesel derivado de uma planta chamada jatropha, conhecida no Brasil como pinhão-manso, que é cultivada em solos erodidos e com excelentes resultados. Outro ponto de interesse comum discutido foi a maricultura de macro e microalgas, pois os dois países possuem uma vasta área costeira. “Dado que esse cultivo pode produzir etanol, biodiesel, biogás e combustíveis sólidos e, ainda, evita o uso de terra, água, nutrientes e pesticidas, essa deve ser uma importante área de colaboração”, concluiu Cortez.
Integraram a delegação brasileira os pesquisadores Marcelo Melo Ramalho Moreira, do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE); o Dr. Manoel Regis Lima Verde Leal, do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol e do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (CTBE e NIPE/Unicamp); o Dr. Paulo Seleghim Jr., da USP de São Carlos; a Prof. Telma Teixeira Franco, da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp (FEQ/Unicamp) e o Prof. Marcelo Menossi Teixeira, do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Unicamp (CBMEG, Unicamp).