Apesar de meritório, segundo o especialista, o novo Código Florestal aprovado no dia 24/05 pela Câmara de Deputados, “está longe do ideal para atender as demandas do País e necessitando ser aperfeiçoado”. O Código “abre uma oportunidade de o Brasil sair na frente na discussão sobre práticas de uma nova agricultura sustentável”.
Ele pondera que o novo Código exige reflexão, principalmente no que se refere à infraestrutura da produção agrícola brasileira. Apresentando números que dão conta que a atual população mundial hoje com 6 bilhões de pessoas – das quais um milhão está abaixo da linha da miséria – será de 9 bilhões nos próximos 30 anos e que apenas 10 milhões de hectares são usados das terras agricultáveis de todo o planeta, o professor defende o uso racional das terras agricultáveis já que “alimentar toda essa gente intensificando a produção agrícola é o desafio do século 21”.
Ele esclarece que do milhão de pessoas em pobreza total, a grande maioria está na Índia e na África, países que junto com o Brasil e os Estados Unidos são os que oferecem mais terras à produção agropecuária.
Segurança alimentar
Para Elíbio, como o Brasil terá grande responsabilidade na produção de alimentos para atender uma população que cresce em ritmo acelerado, “o País pode começar por atender as famílias que praticam a agricultura de subsistência. Ao fornecer crédito facilitado e acesso à tecnologia, o País vai permitir que essas famílias aumentem a produção e vendam o excedente. Mantê-las como estão é condená-las à pobreza eterna”, afirma. “É preciso quebrar paradigmas para a inclusão social”.
“Pensar em impacto zero no meio ambiente quando se fala em produção agropecuária é irreal”, alerta Elíbio, para quem ao se discutir o Código Florestal Brasileiro “é preciso atenção especial ao agronegócio que responde por 33% do PIB nacional.
Como havia adiantado em entrevista à Assessoria de Comunicação do Confea, Elibio repetiu a um plenário atento ao assunto que “os números engessam” e que é preciso olhar a questão de delimitação das distâncias de rios, córregos e biomas a serem respeitados pelos produtores agropecuários. Ele acredita que com os recursos tecnológicos atuais é possível que cada terra tenha suas próprias regras de preservação ambiental. “Por meio de satélites é possível localizar, ver dimensões, características de solo, clima e definir as distâncias ideias para cada pedaço”, afirma.
Integrante do grupo de trabalho formado por membros da SBPC e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), que produziu o livro “Código Florestal e a Ciência – Contribuições para o Diálogo”, Elibio defende que o Brasil deve acompanhar a tendência mundial baseada no binômio meio ambiente e produção agropecuária sustentável.