No primeiro dia da Reunião Magna 2011 da Academia Brasileira de Ciências, 2/5, o Acadêmico Virgílio Almeida (na foto ao lado), Secretário de Política de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), apresentou o Programa Brasileiro de Tecnologia da Informação. Dentre os aspectos abordados em sua palestra, Almeida priorizou um dos grandes problemas discutidos no governo: a questão da inovação. “Esse é um ponto chave para o país e necessário para fazer a ligação da comunidade científica com o processo produtivo tecnológico”, destacou.

Segundo o Acadêmico, a rede de televisão americana CNBC fez um levantamento sobre as dez tecnologias que mudaram as “regras do jogo”, ou seja, “aquelas consideradas verdadeiramente inovadoras, que mudam o curso de uma empresa ou indústria e geraram muita riqueza. Dos dez, nove desses produtos estão ligados à computação”, acentuou. Na pesquisa, foram listados o e-mail, o Google, o iPhone, Twitter e Facebook, o Youtube e os jogos que priorizam a interatividade, como o Nintendo Wii.

“Essas são tecnologias, mas o que é que tem de ciência nisso? Estamos cientes que a conectividade acontece em escala global, mas por outro lado não sabemos os riscos e as ameaças que isso implica”, acrescentou Almeida. A computação, para o Acadêmico, traz inovação para a sociedade, gera tecnologia mais avançada e levanta questões científicas associadas a essa evolução. “As áreas estratégicas do país envolvem a área de energia, do agronegócio, óleo e gás, do programa espacial, mudanças climáticas e meteorologia em geral, e, especificamente, informação e tecnologia da comunicação (ou tecnologia da informação, TI)”, ressaltou. Almeida explicou que a área de TI é estratégica pelo seu próprio desenvolvimento e por propiciar o avanço das outras áreas.

Cenário e desafios do setor

Segundo o secretário, o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação (Pacti) se funde ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e às políticas produtivas para TI. “A área engloba questões de software, microeletrônica, displays – que recentemente ficou em evidência com a vinda da Foxconn ao país e a novidade que eles começarão a fabricar o iPad no Brasil -, entre outras.”

O avanço da área implica formação de pessoas capacitadas, ampliação das redes que interligam as instituições de pesquisa e de ensino, assim como a capacidade computacional do país e o fortalecimento dos chamados ecossistemas digitais, que são verdadeiras redes informacionais. “Tendo isso em mente, o governo oferece incentivos, investimentos, programas de formação e outros itens que possibilitam o progresso da ciência da computação”, explicou Almeida.

Atualmente, o mercado de TI corresponde a R$70 bilhões de reais, cerca de 3% do PIB brasileiro. O Acadêmico destacou que um dos objetivos é aumentar a participação da área no PIB, o que contribuiria para o aumento do setor, não só no mercado interno, como também nas exportações.

Em termos de educação e formação profissional, existem no país 52 programas de pós-graduação, 21 de doutorado e 45 de mestrado. Para o secretário, chama a atenção o fato de existirem aproximadamente 1,7 milhões de pessoas trabalhando em atividades relacionadas à TI. “A estimativa para os próximos 6 ou 8 anos é de que o Brasil precisará de mais 750 mil pessoas na área”, salientou.

Um dos desafios destacados é relacionado à rede de internet, pois existe uma demanda muito superior ao número de servidores e serviços disponibilizados. “Nós temos, em escala planetária, ligações de informações e pessoas ocorrendo o tempo todo em um fluxo muito grande. É quase um elefante dentro de um quarto”, brincou Almeida. Para agilizar os processos, é necessário aperfeiçoar a robustez do sistema, o que reduziria as ameaças e ataques que comprometem a eficiência em rede, melhorar a capacidade dos algoritmos que manipulam os bancos de dados dos servidores, entre outros.

Segundo o Acadêmico, certos questionamentos e futuros avanços para a Ciência da Computação devem ser vistos de acordo com o tripé sociedade, tecnologia e ciência. “Do ponto de vista científico, por exemplo, podemos entender a capacidade de humanos e computadores, resolvendo problemas que os dois teriam dificuldades em resolver e garantindo a harmonia entre as duas partes. Falando sobre a perspectiva da tecnologia, como podemos reduzir o consumo de energia dos gigantescos centros de dados? E da ótica da sociedade, quais aplicações podem proporcionar qualidade de vida ou até mesmo melhores condições de aprendizado? É primordial aliar inovação à computação e o país tem infraestrutura e potencial para isso”, finalizou.

Veja o vídeo com parte da palestra.