O secretário estadual de C&T do Rio de Janeiro, deputado Alexandre Cardoso, prestigiou a Reunião Magna 2011 da Academia Brasileira de Ciências. Em sua palestra, no dia 3/5, Cardoso apresentou o cenário atual das universidades públicas e particulares do Estado e sugeriu medidas que devem ser postas em prática a fim de estimular o avanço da pesquisa e da inovação no ensino superior. Segundo o deputado, “as pesquisas desenvolvidas nas universidades precisam sair do ambiente acadêmico e se integrarem à agenda política, na busca de soluções para os principais problemas do estado”.
Cardoso levantou uma reflexão para os presentes: a diferença entre os números de patentes e pedidos do Brasil, comparado aos dos Estados Unidos e Japão. “Só nos EUA temos 600 mil patentes; os japoneses possuem um registro de 349 mil pedidos e 193 mil registros. Nossas patentes totalizam 300. Ocupamos a 12ª posição em questões de produção de ciência, mas com muito pouca aplicação prática”, apontou o secretário.
Outra questão abordada foram os recursos, fator fundamental para a pesquisa produzida dentro das universidades. Cardoso comentou que a receita das universidades públicas advém, em quase sua totalidade, do Tesouro Nacional e que muitos acreditam que o ensino superior deveria ser pago. “Temos, por exemplo, a experiência da PUC-Rio, que enfrentou um momento de crise e por conta disso começou a diversificar suas fontes de receita, e a da Universidade de Tóquio. Na PUC, 48% da renda vêm das mensalidades, enquanto 52% são de convênios, projetos e auxílios. Em Tóquio, apenas 9% da receita vêm das mensalidades e a intenção deles é que esse percentual se aproxime de 4%. As outras fontes contribuintes são o hospital universitário, com 16%, as pesquisas e projetos, com 19%, entre outras”, explicou.
Cardoso observou que o fato dos recursos serem originados em grande parte do Tesouro gera um problema, o que prejudica a pesquisa. “Essa, na minha opinião, é a grande dificuldade da ciência no país: temos que diversificar as fontes dessa receita. Esse tema deve ser solucionado em parceria: a Secretaria quer envolver a Academia e esta, por sua vez, tem que envolver as universidades”, ressaltou.
De acordo com o secretário, é preciso transformar a ideia em produto, para “colocar a ideia na prateleira”, pois o Brasil compete internacionalmente com outros países investidores massivos em inovação, pesquisa e desenvolvimento. “O que acontece é nós vermos eles, por vezes, colocando nossas ideias no mercado”, acrescentou. Ainda assim, os recursos de captação das universidades públicas têm crescido substancialmente. “Quem sabia que a UFRJ recebeu em quatro anos R$232 milhões? Ou que a UERJ teve 197 milhões no mesmo período, considerando os anos de 2007 a 2010? De 2003 a 2006 foram investidos 74 milhões na UFRJ e 93 milhões na UERJ. Nós temos que aprender a divulgar nossas virtudes, porque o erro é manchete de qualquer jornal, mas o acerto nem tanto. Portanto, devemos valorizar os nossos acertos”, ressaltou Cardoso.
Por fim, o deputado sugeriu que a Academia liderasse um movimento de maior integração das universidades com os problemas do Estado, como a saúde, a educação, a questão ambiental, entre outros, e o apoio na transformação de patentes em produtos. “Para realimentar o sistema da educação temos que inovar e, para isso acontecer, dependemos da criação de um mecanismo para que a patente vire produto”, destacou.