A Sessão Solene da Reunião Magna 2011 da Academia Brasileira de Ciências encerrou as atividades realizadas nos dias 2 e 3 na sede da ABC. Na noite do dia 3, no Golden Room do Copacabana Palace, o Acadêmico Iván Izquierdo recebeu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia 2010, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com o patrocínio da Fundação Conrado Wessel, por suas contribuições para a ciência, em especial sua pesquisa sobre doenças que atingem a memória. Além disso, os novos Membros Titulares da Academia, eleitos em 2010, foram empossados.


Eduardo Krieger, Pietro Novellino, Ruy Marques, Jorge Guimarães, Jacob Palis, Aloizio Mercadante, Almte. Luiz Mendonça, Luiz Elias, Glaucius Oliva, Helena Nader e Américo Fialdini

Compuseram a mesa da cerimônia o presidente da ABC Jacob Palis; o ex-presidente Eduardo Moacyr Krieger; o presidente da Fundação Conrado Wessel, Américo Fialdini; o presidente da Academia Nacional de Medicina, Pietro Novellino; o diretor-presidente da Faperj, Ruy Marques; a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciências (SBPC), a Acadêmica Helena Nader; o presidente do CNPq, o Acadêmico Glaucius Oliva; o secretário de Ciência e Tecnologia do Município do Rio de Janeiro, Franklin Dias Coelho, representando o prefeito da cidade; o secretário executivo do MCT, Luiz Antonio Elias; o presidente da Capes, o Acadêmico Jorge Guimarães, representando o Ministro da Educação; o chefe do Estado-maior da Armada, o Almirante-de-Esquadra Luiz Umberto de Mendonça, representando o Ministro da Defesa; e o ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, representando a presidente Dilma Rousseff.


Américo Fialdini, Iván Izquierdo, Aloizio Mecadante e Glaucius Oliva

Após a execução do Hino Nacional, o Acadêmico Iván Izquierdo recebeu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, entregue pelo ministro Aloizio Mercadante, pelo presidente do CNPq Glaucius Oliva (à direita na foto) e pelo presidente da Fundação Conrado Wessel, Américo Fialdini (à esquerda na foto). Em sua saudação, Oliva lembrou que o Prêmio é o maior do CNPq e que reconhece aqueles que têm contribuído de forma exemplar com o trabalho e dedicação. “Nos 60 anos do CNPq, celebrados neste ano, temos uma ciência pujante. O prêmio a Iván reconhece a excelência da ciência que ele realizou e que está sendo realizada em nosso país”, declarou Oliva.

O presidente da Fundação Conrado Wessel agradeceu a todos e disse ser “uma honra ver tantos cientistas prestigiando tamanho evento”. Em seguida, o Acadêmico Iván Izquierdo, comovido, agradeceu a todos os alunos que passaram, em suas palavras, “por suas mãos e por sua alma. São mais de 50 doutores e um número muito maior de alunos de graduação. Todos eles estão no Brasil e estão empregados”.

Ao explicar um dos motivos de estudar a memória humana, Izquierdo disse que é impossível que exista uma memória perfeita. “Somos todos mortais e temos defeitos. Os fatos desaparecem na nossa mente. Certa vez um amigo disse que a parte mais saliente na memória é o esquecimento. Eu concordo e digo: minha memória não é perfeita”. Ao final, agradeceu ao Brasil, pelas oportunidades aqui encontradas, aos familiares e à sua esposa.

Convidado a saudar o Acadêmico, o ministro Aloizio Mercadante dirigiu suas palavras ao premiado e observou que a sociedade cria alguns rituais para que o esquecimento não se sobreponha à memória. “O cientista é um cidadão teimoso, não aceita respostas fáceis. Tem que ser suficientemente teimoso para seguir o caminho, talvez sem achar uma única resposta. Aqueles que não acharam, abriram caminho e foram fundamentais para aqueles que são lembrados na história da Ciência. Prof. Iván, o senhor é um exemplo”, acrescentou Mercadante.

Lembrando que o homenageado é um cientista argentino, naturalizado no país, o ministro, brincando, disse que dar um prêmio a um vizinho do Mercosul, em especial um argentino, era mostrar o quanto o nosso país avançou. Retomando suas palavras iniciais, Mercadante concluiu, ressaltando que aquela noite não seria esquecida. “Lembraremos sempre a contribuição que o senhor deu à história do país e à nossa memória”.

Foi passada a palavra ao presidente Jacob Palis, que conduziu então a diplomação dos novos Membros Institucionais da ABC: a Vale, representada pelo diretor do Instituto Tecnológico Vale, o Acadêmico Luiz Eugênio Mello, e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), representado pelo seu presidente, o Acadêmico César Camacho.

Posse dos Novos Membros

Em seguida, iniciou-se a diplomação dos novos Membros Titulares da Academia, eleitos na Assembleia Geral do dia 17 de dezembro de 2010. Conheça-os aqui, em matéria anterior que apresenta os novos Acadêmicos.


Novos Membros da ABC 2011, com o presidente Palis

Os Acadêmicos chamados para apresentar os eleitos de cada área foram: Keti Tenenblat, de Ciências Matemáticas; Belita Koiller, de Ciências Físicas; Jairton Dupont, de Ciências Químicas; Valderez Ferreira, de Ciências da Terra, Antonio Paes de Carvalho, de Ciências Biomédicas; Rubens Belfort, de Ciências da Saúde; Paulo Arruda, de Ciências Agrárias; Edmundo Albuquerque de Souza e Silva, de Ciências da Engenharia, José Murilo de Carvalho, de Ciências Sociais e Adolpho Melfi, apresentando os novos Membros Correspondentes.

O Acadêmico Adalberto Val anunciou as duas eleitas de Ciências Biológicas e disse que era uma honra apresentar os novos Acadêmicos. “Em se tratando de mulheres, esta honra é redobrada. Ser mulher é uma tarefa complicada: elas dão conta simultaneamente de múltiplas tarefas. Ser mulher e cientista em nosso país é um feito imensurável”, salientou Val.

O Acadêmico Wanderley de Souza, convidado para saudar os novos Membros, ressaltou que a cerimônia de Posse é uma renovação da Academia, que aperfeiçoa a cada ano os mecanismos de reconhecimento da excelência Acadêmica. “Sejam bem vindos a esta casa quase centenária. A Academia espera de todos os membros uma participação ativa nas suas atividades. Para ocuparmos melhores posições em termos de produção de conhecimento científico, devemos dar continuidade ao crescimento dos últimos anos”, apontou. Ele relembrou o corte de orçamento e a ameaça de contingenciamento dos recursos do MCT declarados pelo Governo, os quais, se efetivos, afetariam significativamente a Ciência no país. “Manifestamos nossa solidariedade para com o MCT, no intuito de trabalharmos juntos na recuperação orçamentária e no desenvolvimento de todas as áreas científicas deste país”, concluiu.

Em nome de todos os novos Membros, a recém-empossada Maria Paula Schneider agradeceu a todos os presentes, muito comovida, se dizendo lisonjeada por “portar a voz de profissionais da mais alta competência”. Em seu discurso, Schneider agradeceu em especial aos Acadêmicos Francisco Mauro Salzano e Horacio Schneider, como também ao médico e intelectual Manuel Ayres, e contou a história da genética no Estado do Pará, área na qual se insere e que recebeu grandiosas contribuições dos três cientistas por ela citados. “Tenho certeza que cada um dos empossados hoje poderia contar sua história, seja ela maior ou menor, e certamente ela viria da mesma flama científica, da mesma paixão”, destacou a Acadêmica.

Por fim, o presidente Jacob Palis falou em nome da Diretoria, lembrando estudos que foram desenvolvidos pela ABC nos últimos anos, como o Grupo de Estudo da Amazônia, das Doenças Negligenciadas, entre outros. “É preciso preservar o melhor que temos: o meio ambiente. Temos que melhorar as condições e inclusão social. A Academia tem feito isso e muito mais. Nossa meta é continuar esses estudos de grande interesse social”, disse o matemático. Palis também referiu-se à nova sede da ABC, comentando que o projeto de reforma está sendo concluído, e convidou todos os Acadêmicos a ajudarem na busca de recursos para a nova Casa ,”que vai nos honrar tanto e contribuir para a interação e comunicação da Academia com a sociedade”.