O Brasil precisa desenvolver uma ciência tropical, baseada na abundância dos seus recursos naturais, da sua biodiversidade e energias renováveis. A ideia foi apresentada pelo novo secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCT, o Acadêmico Carlos Nobre, durante a cerimônia de posse dos novos secretários da pasta, no dia 2 de fevereiro.

Para ele, tornar o Brasil o primeiro país tropical desenvolvido de fato é um grande desafio para a ciência e tecnologia brasileira. “Chegarmos a esse ponto significa ligarmos ciência com inovação tecnológica, por exemplo, através da agregação de valor às cadeias da biodiversidade”, disse.

Em relação à questão das mudanças climáticas, Nobre acredita ser este um tema carregado de oportunidades, uma vez que o país já se mostra bem próximo da transição para a economia de baixo carbono. “Temos uma taxa de utilização de energias renováveis maior do que a média dos outros países do mundo, mas os desafios são muito grandes e o Brasil tem que acelerar na busca dessa auto suficiência em energias renováveis”, frisou.

Como desafio, o secretário citou a adaptação aos extremos climáticos que estão se tornando mais freqüentes e intensos. Na mesma linha de pensamento, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, lembrou que Nobre terá, entre outras responsabilidades, a atribuição de montar um sistema de alerta contra os extremos climáticos e desastres naturais.

“Esse ministério já está à frente da reflexão sobre política de sustentabilidade, sobre gerar valor agregado na biodiversidade, e adaptação aos extremos climáticos”, ressaltou Mercadante.

A proposta do MCT para este primeiro semestre é utilizar os recursos que já dispõe, integrando, por exemplo, os radares meteorológicos da Aeronáutica com os do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ou por meio do cruzamento da capacidade de previsão meteorológica com o levantamento geotécnico das cidades.

Mercadante acredita que o Brasil tem capacidade de liderar essa agenda. “No plano estratégico de energia limpa nos Estados Unidos, em 2050 eles ainda não terão uma matriz energética limpa como o Brasil já tem hoje. Portanto, partimos de um patamar no mundo onde há escassez de energia e, nesse sentido, podemos ser um grande diferencial, não apenas na matriz energética, mas num olhar diferenciado para a biodiversidade”.