O Programa LOréal-Unesco-ABC Para Mulheres na Ciência está na sua 5a edição, tendo contemplado este ano mais sete brilhantes pesquisadoras brasileiras, que receberam uma bolsa-auxílio grant no valor de US$ 20 mil.

A proposta é incentivar a participação de mulheres no cenário científico, através do reconhecimento da excelência de suas pesquisas e do apoio financeiro para que as selecionadas possam investir em seus laboratórios, em congressos e intercâmbios científicos.

Nesses cinco anos de existência, o programa já laureou 33 jovens cientistas, que com sua dedicação e paixão pela ciência contribuem para a construção de uma nova imagem do papel da mulher na sociedade.

A cerimônia de entrega do prêmio de 2010 foi realizada no Golden Room do Copacabana Palace, na noite de 23 de setembro, conduzida mais uma vez pela jornalista Renata Cappucci.

A apresentadora deu as boas vindas às vencedoras e falou sucintamente do Programa Para Mulheres na Ciência, uma iniciativa da LOréal Brasil em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Comissão Nacional da Unesco. “Premiando anualmente tantas jovens pesquisadoras, o Programa lhes dá grande visibilidade, oferecendo-lhes a oportunidade de mostrar seus trabalhos e o benefício que podem trazer ao conhecimento científico”, apontou a apresentadora.

Simone Nogueira, diretora de comunicação da LOréal Brasil, revelou que sua equipe começou o projeto sem grandes pretensões. “Mas hoje, vemos que é um divisor de águas”, conta. “São mulheres como essas que vão mudar o mundo”.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, cumprimentou as homenageadas. Lembrando que ele mesmo é um produto da Ciência brasileira, alegrou-se com sua fertilidade. “O tema de hoje, as mulheres na Ciência, já foi tema de muitas discussões na ABC”, disse. “É uma realização vê-las aqui, com a oportunidade de crescer em suas pesquisas. A idéia é que vocês também se entusiasmem e possam chegar um dia à ABC e a outros patamares. Parabéns, isso é só o começo”, concluiu.

O representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, falou em seguida da importância da parceria entre Unesco, LOréal e ABC para o desenvolvimento da Ciência no país. “Este é o primeiro ano que a Unesco tem uma diretora geral mulher e ela colocou a questão do gênero em evidência”, informou. “O conhecimento, infelizmente, já contribuiu para a guerra”, lamentou, para em seguida defender a Ciência consciente, que seria a Ciência pela paz. “O mundo precisa de Ciência e a Ciência precisa de mulheres. O mundo, portanto, precisa das mulheres – de seus cérebros, sua força de trabalho, sua tenacidade”, concluiu.


O júri: Suely Bordalo, Vincent Defourny, Jacob Palis, Belita Koiller,
Cid B. de Araújo, Beatriz Barbuy e Jailson Bittencourt

Os membros da comissão julgadora forma apresentados. Os Acadêmicos Mayana Zatz (USP), Francisco Salzano (UFRGS) e Marcelo Viana (IMPA) não puderam comparecer. Mas lá estavam a diretora-científica da L’Oréal, Suely Bondalo; Vincent Defourny, da Unesco; Jacob Palis, presidente da ABC; Cid B. de Araújo, vice-presidente da ABC pra a região Nordeste; o Acadêmico Jailson Bittencourt de Andrade, da UFBA, e as Acadêmicas Belita Koiller, Beatriz Barbuy e Lucia Previato, todas ganhadoras do Prêmio Internacional para Mulheres na Ciência da L’Oréal.

A biomédica Lucia Previato, da UFRJ, os representou no púlpito, parabenizando as laureadas e destacando a importância do prêmio. “Essas jovens demonstraram maturidade científica de gente grande.Seus projetos rivalizam em qualidade com os de primeiro mundo”, garantiu.

Ainda acrescentou que as vencedoras são um estímulo para que novos nomes surjam, visto que o resultado ainda permite esperar muito dos talentos escondidos pelo país. Finalmente, ressaltou a relevância da Ciência. “Só através dela uma nação pode crescer”.

Foi a vez de as vencedoras receberem seus prêmios. Catherine Bréchignac, física francesa, reconhecida internacionalmente por suas pesquisas com átomos, elogiou Lucimara Pires Martins pela coragem e pela pesquisa “A Maior e Mais Completa Biblioteca Estelar de Alta Resolução para Síntese de Populações Estelares”.

“Esta jovem não escolheu um caminho simples, embarcou no universo científico”, destacou a física. “Não posso fazer nada senão encorajá-la”, concluiu.

A arqueóloga Maria Beltrão, por sua vez, deu um conselho a Kathia Honório: “Que você seja uma contestadora incansável da ciência, para sempre mantê-la em movimento, sem estagnação”.

A pesquisa “Inibição da Sinalização TGF-beta: Planejamento de Substâncias Bioativas com Potenciais Aplicações para o Tratamento de Fibrose, Aterosclerose e Câncer” rendeu a Kátia as homenagens do prêmio.

Suely Lima, chefe da Divisão de Atividades Cientificas da Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e esposa do presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, entregou o prêmio a Audrey Cysneiros, por sua pesquisa “Teoria Assintótica de Mais Alta Ordem”.

“Não entendo nada de matemática”, declarou Suely com humor, “mas entendo de matemáticos: trabalho há 33 anos no IMPA. Observando esta jovem cientista, acredito que ela terá um futuro brilhante e lhe desejo tudo o que ela merecer de melhor”.

Patrycia Travassos, atriz e roteirista, deu seguimento à cerimônia. Ela se emocionou com a trajetória das vencedoras: “o que vocês estão fazendo é lindo!”.

Ao entregar a Christiane Matté o prêmio que mereceu por sua pesquisa “Avaliação do Efeito do Exercício Físico Materno Durante a Gestação Sobre Parâmetros de Metabolismo Energético e Estresse Oxidativo no Encéfalo do Rato”, Patrycia refletiu sobre a importância da mulher na Ciência. “Uma sociedade que não valoriza o feminino é como um pássaro que só voa com uma asa”, afirmou. “Acho que vocês estão fazendo esse pássaro voar com as duas asas”, agradeceu.

Christiane tomou então a palavra para falar em nome de todas as laureadas, que a escolheram como porta-voz. “O caminho acadêmico precisa de paixão e a tivemos nesse longo percurso até chegar aqui”, contou. “Estamos honradas de representar todas as cientistas do nosso país”, finalizou.

Em seguida, a editora de ciência do jornal O Globo, Ana Lúcia Azevedo, elogiou a pesquisa “Avaliação da Saúde Sexual e Qualidade de vida em Mulheres com Doenças Reumáticas” de Simone Appenzeller.

“Tenho certeza de que esse estudo, que aborda questões delicadas e íntimas como a necessidade do teste de Papanicolau, ajudará a melhorar a vida de mulheres que estão no momento mais delicado da vida”, declarou.

 

Cynthia Greiner, diretora de redação da revista NOVA, voltada para mulheres, foi quem entregou o prêmio a Patrícia Fernanda Schuck.

“Sei que estou chovendo no molhado, mas é preciso repetir: o Brasil realmente precisa de iniciativas como esta”, enfatizou.

Foi graças à pesquisa “Mecanismos Fisiopatológicos da Fenilcetonúria: Estudos dos Efeitos in vivo da Fenilalanina” que Schuck recebeu o destaque da L’Oréal, Unesco e ABC.

 

Fernanda de Felice, neurocientista e membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências, felicitou Bruna Romana de Souza cuja pesquisa tem por título “Papel dos Hormônios Gonadais no Reparo Tecidual Cutâneo de Camundongos Cronicamente Estressados”.

“Eu, como cientista e mulher, sei como é difícil conciliar diversas coisas. Você é uma guerreira, uma vencedora”. Em seguida, dirigiu-se a todas as cientistas: “O Brasil precisa de ciência de qualidade. E a ciência precisa de mulheres diferenciadas como vocês”.

Para concluir a cerimônia, Annelise Casellato, vencedora do Prêmio L’Oréal em 2009 com a pesquisa “Desenvolvimento de Novos Complexos com Potencial Atividade Biorremediadora”, passou uma mensagem especial para as laureadas deste ano. “Este prêmio trouxe mudanças internas e externas para todas nós: maturidade e reconhecimento. Que vocês todas tenham tanta sorte como nós tivemos”, finalizou.