O engenheiro ambiental da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) Juan Carlos Durán Álvarez tratou de questões relativas à água na cidade do México, em diversos aspectos. Nessa megacidade a água canalizada para 21 milhões de habitantes vem de fontes internas (aproximadamente 2000 poços e um rio) e externas (bacia hidrográfica). A super exploração aquífera causa afundamento do solo em diversos níveis, o que leva a vazamentos na rede de esgotos e de água potável.
Efluentes usados como fertilizante
A maior parte – 91% – dos efluentes produzidos na Cidade do México – 45 m3/s – são enviados sem tratamento para uma das regiões mais secas e mais pobres do México: o Vale Mezquital, que fica 80 km ao norte da cidade, para ser utilizado na irrigação. Isso ocorre desde 1900. A produção agrícola nessa região aumentou desde então 150%, o que melhorou a situação socioeconômica da população. Mas as doenças gastrointestinais também aumentaram na região, mesmo após a cloração da água. Embora o governo tivesse manifestado a intenção de tratar melhor a água, os agricultores se opuseram, pois atribuem ao não-tratamento o ótimo rendimento das colheitas.
Filtração natural
Estudos anteriores mostraram que os efluentes infiltrados no solo do aqüífero do Vale Meszquital têm seus poluentes orgânicos e inorgânicos naturalmente removidos, assim como os microorganismos como coliformes fecais e parasitas. Ainda assim, alguns traços podem ser identificados. Ou seja: a infiltração no solo é um sistema eficiente e natural de tratamento da água, que a torna utilizável para consumo humano.
A reutilização dos efluentes é uma alternativa para a cidade do México. O governo considerou utilizar as águas do Vale Mezquital como outra fonte externa para a cidade. A idéia é usar um tratamento de membrana, que já foi testado e alcançou ótimos resultados. “Agora a reutilização da água será uma questão política”, finalizou Alvaréz.