Durante o ensino fundamental, Bruna Romana de Souza lia revistas e jornais científicos e participava intensamente das Feiras de Ciências promovidas na escola. Na 5ª série, teve uma professora de Ciências que fazia experiências em sala de aula e ela adorava aquelas aulas. Vendo o interesse da menina, essa professora inscreveu Bruna no projeto Ciranda da Ciência da Fundação Roberto Marinho. “O clube sugeria mensalmente experiências simples, que eu tentava reproduzir em casa. E foi assim que decidi ser bióloga e pesquisadora”, revela.

Bruna se formou em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 2004, onde fez mestrado em Morfologia e doutorado em Ciências (Biologia Humana e Experimental), concluídos em 2005 e 2009. Atualmente, Bruna é professora adjunta do Departamento de Biologia Animal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ela tem experiência na área de Morfologia com ênfase em Histologia, lidando principalmente com estresse psicológico, receptores adrenérgicos e reparo tecidual cutâneo.

A pesquisa vencedora do prêmio LOréal aborda o estresse crônico. “Pacientes que sofrem desse mal, como os depressivos, cicatrizam lentamente lesões na pele, o que aumenta o risco de infecções”, explica, apontando os hormônios sexuais (estrógenos e testosterona) como atenuantes do efeito nocivo do estresse sobre o organismo. “O uso desses hormônios pode melhorar a cicatrização destes pacientes”.

A pesquisadora acredita que o prêmio LOréal é extremamente importante por valorizar o papel das mulheres na Ciência. “Vencer este prêmio foi uma honra, eu não esperava”, comemora, “é um voto de confiança, pois acho que a LOréal junto com a ABC e a Unesco estão me dizendo que fiz um bom trabalho até agora e estão me dando estímulo para continuar neste caminho”. O prêmio ajudará a consolidar as atividades de Bruna como pesquisadora e orientadora na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), pois ela pretende usar boa parte dos recursos financiando o desenvolvimento de um laboratório de pesquisa na área de Biologia na universidade.

Bruna reconhece que as mulheres costumam encontrar dificuldades no ambiente científico. “Uma delas é demonstrar em alguns meios acadêmicos que os nossos projetos tem importância e impacto na sociedade”, exemplifica.

A uma menina interessada em Ciência, a pesquisadora diria que ela já deu o primeiro passo. “Parabéns! Você tem bom gosto, ciência é mesmo interessante”. E aconselha: “daqui para a frente é se dedicar estudando e praticando! Você não vai se arrepender. Quem sabe se daqui a alguns anos eu não a verei recebendo um prêmio como este”.