Na avaliação do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Acadêmico Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, o Brasil já possui competência técnica suficiente e infraestrutura para fortalecer as parcerias internacionais. Para ele, as agências do país deveriam aumentar o fomento a programas de formação no exterior – uma vez que a regra passou a ser a formação no país, o que para Aragão é um exagero que precisa ser corrigido.
O presidente do CNPq defende que a cooperação com países desenvolvidos deve ser simétrica, com acompanhamento e avaliação conjuntos. “A cooperação internacional é maior para mobilidade. É necessário financiar projetos e estabelecer redes internacionais”, disse.
Como forma de não só priorizar a cooperação internacional mas também torná-la mais efetiva, o CNPq criou um comitê de assessoramento para a área. Carlos Aragão adiantou que o grupo deverá se reunir na próxima semana para definir áreas estratégicas para editais de cooperação estratégica com a Alemanha. Outros países, como França e Espanha, também estão na pauta de negociações.
Carlos Aragão ressaltou ainda a importância dos programas existentes de parceria com países da América Latina e África, bem como a necessidade de sua expansão. Em alguns casos, defende o presidente do CNPq, o Brasil poderia permitir um tratamento diferenciado (como contrapartidas menores), visando não só ao avanço da ciência daqueles países mas também nacional. A agência brasileira está lançando, por exemplo, um edital em parceria com Cuba para vinda de cientistas do país para atuar como pesquisadores visitantes. “Queremos que eles nos mandem os melhores”, salientou.
Oportunidade
Aldo Malavasi, secretário-geral da SBPC e apresentador da conferência, ressaltou que o setor produtivo do país precisa estar atento às oportunidades advindas desse processo de internacionalização da ciência. “Os estrangeiros que vêm trabalhar no Brasil, principalmente da América Latina e África, ao voltar para seus países vão querer os equipamentos que utilizaram aqui. Com isso, cria-se um mercado extraordinário, e o Brasil tem competência para atender essa demanda”, diz.
Presente ao debate, o chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do MCT, José Monserrat Filho, destacou que o país aparece na agenda de cooperação de muitos países. “Estamos na crista da onda, não podemos perder esse bonde. Isso é bom e ao mesmo tempo ruim, porque mostra que ainda não estamos preparados para atender a essa demanda”, afirmou.