A Expo 2010 será sediada em Xangai-China e será a primeira feira internacional com o tema cidade, destacando os problemas globais e soluções voltadas para o futuro. Os organizadores da Expo 2010 Xangai, escolheram Better City, Better Life (Melhor Cidade, Melhor Vida) como o tema do evento, uma chamada para estratégias de desenvolvimento urbano sustentável e integrada, refletindo o desejo das pessoas de uma vida melhor nas cidades do futuro.

No ano de 1800, apenas 2% da população mundial viviam nas cidades. Hoje mais de 50% dos habitantes do planeta estão concentrados em espaços urbanos e a previsão é que esse percentual aumente ainda mais, tornando assim imprescindível o debate e a busca por soluções. Apenas na China existem 175 cidades com população de mais de um milhão de habitantes, sendo que sete delas têm mais de 10 milhões. A América Central tem 46 cidades com mais de um milhão de habitantes e existem apenas 60 dessas cidades em toda a Europa. Assim, o tema é uma escolha óbvia para o evento realizado na China.

O tema é subdividido em cinco subtemas: mistura de culturas diversas das cidades; prosperidade econômica das cidades; inovações da ciência e tecnologia nas cidades; interação entre cidades e aldeias e a necessidade de repensar as comunidades inseridas nas cidades. A Expo Xangai 2010 foi inaugurada dia 1º de maio e vai até 31 de outubro.

A participação brasileira em 2010

Integrante de uma comissão interministerial, nomeada pelo governo brasileiro e que organiza os fóruns temáticos da Expo Xangai, o Confea definiu os nomes de três palestrantes que falarão nos painéis Tecnologia da Informação e Inclusão Digital, Ciência, Tecnologia e Informação e A energia que move as cidades brasileiras.

No primeiro painel o Brasil será repesentado pelo engenheiro civil Cláudio Marinho, especializado em desenvolvimento urbano pela Universidade Federal de Pernambuco, e em Economia pela Universidade de Campinas. No painel “Tecnologia da Informação e Inclusão Digital”, marcado para o dia 19 de maio, falará sobre as lições aprendidas com o Porto Digital de Recife, com a implementação público-privada de um Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação e Comunicação, no centro histórico da capital pernambucana, projeto que coordenou e que hoje, dez anos depois de iniciado tem 120 empresas em envolvidas.

O segundo painel, a ser realizado em meados de junho, ainda sem data fixada, terá à frente o engenheiro de Materiais e Metalurgia e diretor da ABC Evando Mirra. Pesquisador, administrador de Ciência e Tecnologia, Professor Emérito, doutor em Ciências pela Universidade de Paris que assina mais de uma centena de produtos e processos tecnológicos, Mirra vai mostrar no painel Ciência, Tecnologia e Informação como a inovação responde atualmente por mais de 50% do crescimento de longo prazo nos países desenvolvidos e é a principal estrutura de suas atividades econômicas.

O Acadêmico, que já foi presidente do CNPq e do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), hoje é um dos diretores da Academia Brasileira de Ciências e dá aulas na Universidade Federal de Minas Gerais. Ele destaca que “investimentos em conhecimento tornaram-se o vetor chave do desempenho econômico e se associam à emergência de uma sociedade mais interconectada, onde a criação e aplicação do conhecimento são cada vez mais colaborativos”.

Para Mirra, “o Brasil tem implantado políticas de apoio e as empresas brasileiras têm demonstrado competência crescente em inovação em diferentes setores”. Ele destaca que “cerca de 35 mil dessas empresas são hoje inovadoras, e cerca de 400, dentre elas, têm a liderança mundial em inovação nos seus setores”. Para o pesquisador, “as manifestações desses fenômenos se multiplicam e incluem novas figuras como os parques tecnológicos e as de publicações científicas, patentes e diversos produtos e processos tecnológicos”.

No terceiro painel, intitulado A energia que move as cidades brasileiras e que será realizado no início e julho, falará o geógrafo Roberto Messias, pós-graduado em Ecologia pela Unesco, em Paris, e atual presidente do Ibama. Messias já dirigiu o International Union for Conservation of Nature para a América do Sul, além de tersido diretor adjunto para o Meio Ambiente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O especialista abordará as concepções contemporâneas que coexistem nos centros urbanos mundiais e se dividem na cidade tradicional e na nova cidade que recupera o espaço público para as pessoas e o meio ambiente. Messias argumenta que desafios como as mudanças climáticas demandam práticas de eficiência no consumo energético e na redução de emissões, com integração de diferentes modelos de transportes, alcançadas por ações brasileiras do Programa de Controle de Poluição Atmosférica por Veículos Automotores, de Planos Cicloviários Integrados em metrópoles como Porto Alegre e Rio de Janeiro, por exemplo. Ele destaca ainda o crescimento de programas de biocombustíveis e de incentivos ao uso de coletores termossolares em casas populares.

O que é a Expo Xangai

A Expo Xangai faz parte de uma série de exposições iniciada em 1851, no Cristal Palace, em Londres, uma idéia do Príncipe Albert, marido da Rainha Victoria. A primeira delas intitulou-se Grande Exposição dos Trabalhos Industriais de Todas as Nações e foi a primeira exibição internacional de produtos manufaturados. Como tal, influenciou o desenvolvimento da sociedade, em vários aspectos, como as artes, o design, o relacionamento internacional e o turismo. Desde 1928, a exposição é organizada pelo Bureau Internacional des Expositions (BIE). É o terceiro maior evento mundial em termos de impacto cultural e econômico, perdendo apenas para as Olimpíadas e a Copa do Mundo.

A principal atração das Expo são os pavilhões internacionais criados pelos países participantes. Depois da feira, a maioria das estruturas é desmontada e transferida, sendo que algumas estruturas continuam na cidade sede. A Torre Eiffel é a mais famosa delas, construída para a Expo 1889, na França.