Leia o artigo Acadêmico Raimundo Braz Filho, ex-reitor da Uenf, publicado em 12/2 no jornal Folha da Manhã, de Campos dos Goytacazes:

“O Brasil inteiro discute os programas de qualificação do trabalhador, e este é um tópico particularmente importante em nossa região. A discussão é extremamente oportuna, mas parece faltar um tópico fundamental nessa agenda, que é a defesa dos interesses estratégicos da nação.

Claro que deve haver esforços para treinar a mão de obra brasileira, em todos os níveis, para atender também as oportunidades de trabalho disponíveis ou projetadas para o futuro próximo. Sem deixar de atender a um interesse empresarial, esse tipo de ajuste entre oferta e demanda de recursos humanos pode promover a inserção produtiva e a ascensão social de muita gente. Mas é preciso fugir às seduções de uma visão excessivamente centrada no curto prazo. Somente 30 mil companhias das cerca de 4,4 milhões investem em inovação (JB, 09-02-2010).

Pensemos na capacidade de trabalho de nossas universidades, por exemplo. Se elas devem formar profissionais qualificados para as necessidades presentes do mercado de trabalho, seria um erro pautá-las exclusivamente por essa visão. O país precisa ter uma política clara de desenvolvimento que privilegie sua afirmação soberana no cenário internacional e contemple as pesquisas e a formação de profissionais que deem sustentação a tal objetivo. Se olharmos apenas o cenário presente ou próximo, pagaremos alto preço diante de qualquer flutuação do mercado, que é sabidamente dinâmico e fugaz. O que hoje é um setor dinâmico pode deixar de sê-lo rapidamente, o que nos obriga permanentemente à busca de novos conhecimentos.

Um ótimo exemplo de conjugação dos dois objetivos – a qualificação do trabalhador e a preservação do interesse nacional – tem sido observado na nossa região. Graças aos históricos investimentos em novas tecnologias por parte da Petrobras, a exploração de petróleo na Bacia de Campos abriu oportunidades de trabalho para milhares de cidadãos. E estas oportunidades puderam ser aproveitadas, em grande medida, graças aos ensinos técnico e superior eficientes e democráticos da antiga Escola Técnica Federal de Campos, atual IFF, e da jovem meritocrática Uenf, ao lado de outras instituições.