A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lançou em 13 de novembro, no Auditório da Reitoria da UnB, o movimento Pacto pela Educação. Com o projeto, o grupo de trabalho formado por pesquisadores de todo o país vai elaborar estratégias de curto, médio e longo prazo para o ensino básico. “Se nós resolvermos o problema do ensino básico, 80% do problema da educação estará resolvido”, afirma o coordenador do Pacto pela Educação, o professor da UnB e Acadêmico Isaac Roitman, ex-decano de Pesquisa e Pós-Graduação. “Se o aluno teve a oportunidade de frequentar um ensino básico de qualidade, dificilmente ele terá uma queda de rendimento na universidade”, afirma.
Isaac quer que o grupo tenha uma atuação abrangente e continuada. “Vamos entregar uma série de propostas desenvolvidas pelos especialistas para o presidente Lula”, afirma Roitman. “A nossa ideia é fazer isso com todos os governos daqui para a frente, cobrando resultados”.
O reitor da UnB, José Geraldo de Souza Júnior, apoiou a proposta do grupo e acredita que a UnB pode auxiliar esse trabalho. “O número de analfabetos no Brasil é vergonhoso e as universidades deveriam ajudar a solucionar”, comenta.
O problema do Brasil ainda está na educação de base, diz Cristovam
O professor e ex-reitor da UnB, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), apresentou conferência durante o encontro de sexta-feira com diagnóstico da educação brasileira e propostas de mudança. “A riqueza está na educação, a educação não é apenas um caminho para a riqueza”, afirmou, em aproximadamente duas horas de aula e debate. “O problema do Brasil ainda está na educação de base. Nós não temos uma vocação para educação no Brasil, a prioridade no país é dar educação aos ricos”, afirma o senador.
Um dos principais problemas apontados por Cristovam é a extrema discrepância social brasileira. “Os ricos não têm com quem competir no Brasil. Não é como no futebol, onde a competitividade é aberta e acirrada para se alcançar o sucesso”. Segundo o ex-governador, “o conhecimento só é de alta qualidade quando existe uma massa critica no domínio deste. Quando se tem muito conhecimento na mão de poucos e despreparados, gera-se exclusão”.
Sobre o sistema de ensino, Cristovam lembra que o Brasil tem 14 milhões de crianças e adolescentes de até 17 anos excluídos do sistema educacional. Mas esse problema não é tratado como emergencial.
“Quando há problemas de energia no Brasil, a equipe do governo é rapidamente reunida, quando há problemas econômicos também. Já na Educação, os resultados críticos são divulgados anualmente e não existe a mesma preocupação em resolvê-los.”, protesta o senador, que defende o uso de recursos do pré-sal para solucionar os problemas do setor no Brasil.
“O governo Lula é um dos melhores em termos de melhorias nas universidades públicas, privadas e no ensino técnico. Mas não houve grandes avanços na educação de base”, pondera.
Entre as propostas apresentadas por Cristovam Buarque, estão: 14o salário para professores, um programa federal de formação de docentes, desmembrar o Ministério da Educação em dois, o da Educação Superior e da Educação Básica, estabelecer um plano nacional de metas educacionais, lei contra vandalismo nas escolas e transformar o crime do desvio de verbas da Educação em crime hediondo.