O professor de Física e Ciências Vinicius Signorelli, coordenador geral de Pesquisa & Desenvolvimento da Sangari Brasil, apresentou seu enfoque de educação científica no V Seminário Nacional ABC na Educação Científica – Mão na Massa.

Em sua visão, a educação em Ciências contribui para a formação do cidadão, proporcionando cultura científica, essencial para compreender o mundo, inserindo o indivíduo na sociedade tanto em nível pessoal como social e profissionalmente. Citou um texto da Unesco que diz que “continuar aceitando que grande parte da população não receba formação científica e tecnológica agravará as desigualdades do país e significará seu atraso político no mundo”.

A cultura científica, segundo Signorelli, é importante para que os cidadãos compreendam problemas globais e locais como sustentabilidade; aquecimento global; alimentos e energia para todos; destino dos resíduos; saúde pessoal, coletiva e ambiental. “As pessoas devem poder formar sua opinião sobre os limites da engenharia genética, sobre a fissão nuclear como fonte de energia, sobre a preservação de biomas e ecossistemas, por exemplo.”

Ele diferencia a ciência acadêmica – que visa a produção de conhecimento científico – da ciência escolar, que oferece cultura científica ao cidadão. Nesse último caso, deve se pensar a didática do ensino de Ciências considerando como as crianças e os jovens aprendem e então a produção de situações que possibilitem aprendizagens significativas. Para tanto, “o profissional da ciência escolar deve ser um pesquisador da educação em ciências”, afirmou Signorelli.

Para ele, o ensino de Ciências deve ser baseado em experimentos que levem a atividades mentais, que provoquem aprendizagens significativas. O professor deu um exemplo de uma turma de 3º ano – oito anos -, que discutia a hipótese das nuvens serem feitas ou não de algodão, como um dos colegas tinha sugerido. Outro aluno então logo esclareceu: “è claro que não, porque se fossem o algodão ia enrolar nas hélices dos aviões!” O processo da metodologia investigativa parte de um problema que desequilibra concepções anteriores que o aluno tenha, passa pela atividade mental construtiva e chega então a necessidade de construir outro conhecimento. “O professor nesse caso é um problematizador”, disse Signorelli.

Como ferramenta para o acesso à educação em Ciências, Signorelli apresentou o programa CTC – Ciência e Tecnologia com Criatividade. Resultado de dez anos de pesquisas de uma equipe multidisciplinar, formada por cientistas, educadores, especialistas em diversos campos da Ciência, o CTC é uma metodologia de ensino de Ciências para o Ensino Fundamental, que inclui livros do aluno e do professor, itens para experimentos científicos, jogos, vídeos e canais digitais, além de formação e acompanhamento de professores, coordenadores e diretores de escola. Atualmente, o programa beneficia aproximadamente meio milhão de crianças e adolescentes do país – é utilizado em toda a rede de ensino público do Distrito Federal, em 160 escolas da rede pública da cidade do Rio de Janeiro e em diversas escolas privadas de vários estados do país.

* O V Seminário Nacional ABC na Educação Científica – Mão na Massa foi realizado com o patrocínio do Programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras

(Elisa Oswaldo-Cruz e Julia Dias para as Notícias da ABC)