A 27ª Assembleia Geral da IAU, que está ocorrendo no Rio de Janeiro entre os dias 3 e 14 de agosto, vai assinalar o Ano Internacional da Astronomia. A Assembléia é realizada a cada três anos, em países distintos, envolvendo em torno de 2.000 a 2.500 pesquisadores. Este ano, o Rio competiu com Xangai, na China; Quebec, no Canadá, e Havaí. Diversos eventos científicos reunirão, no Centro de Convenções Sul América, na Cidade Nova, o amplo grupo de especialistas numa intensa programação. O evento conta com a Acadêmica Beatriz Barbuy como vice-coordenadora, além dos Acadêmicos João Steiner e Miriani Pastoriza em seus Comitês.

A União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) une as sociedades astronômicas nacionais do mundo. É um membro do Conselho Internacional para as Ciências (ICSU, na sigla em inglês) e internacionalmente reconhecida como a autoridade responsável pela nomenclatura de estrelas, planetas e asteróides e outros corpos celestes e fenômenos na comunidade científica. Fundada em 1919, a IAU conta atualmente com 68 países associados e um total de cerca de 9000 membros individuais. O Brasil é pais membro da IAU e cerca de 150 pesquisadores de diversas instituições brasileiras são afiliados a ela.

Cerimônia de abertura

Na sessão de abertura, realizada no auditório principal do Centro de Convenções Sul América, na tarde de 4 de agosto, a presidente da União Astronômica Internacional (IAU), Catherine Cesarsky, disse que todo ser humano nasce astrônomo, pois todos têm curiosidade sobre a sua origem e em saber qual o seu papel no Universo. Ela reiterou que entre os objetivos da IAU está a educação científica, especialmente da Astronomia, em todos os níveis de ensino. “Compartilhar nosso conhecimento e estimular jovens vocacionados também são compromissos básicos da entidade”, afirmou. Cesarsky destacou que o desenvolvimento mundial de todas as ciências nos últimos 90 anos foi radical, inclusive da Astronomia. A presidente da IAU deu as boas vindas a todos os presentes no auditório lotado. “Sejam bem-vindos, o Universo é de vocês para ser descoberto”.

O presidente da ABC, Jacob Palis, afirmou ser um prazer receber a comunidade astronômica internacional num momento em que a Ciência está em alta no país. “Em nossa história, é o período de maior aporte de recursos em ciência e tecnologia, tanto do governo federal quanto dos governos municipal e estadual, com os 2% estabelecidos pela lei sendo efetivamente direcionados para a C&T local”, destacou o matemático.

Para o prefeito Eduardo Paes, que está no governo a sete meses, a expectativa do presidente da Academia em relação ao suporte financeiro a ser destinado para C&T no Rio de Janeiro é grande, mas será correspondido. Ele destacou a conexão entre a Astronomia e a cidade do Rio de Janeiro, sede de importantes institutos de pesquisa e universidades. “É uma cidade complexa que motiva sonhos altos, assim como a Astronomia.”

Representando o presidente Luis Inácio Lula da Silva, o ministro e Acadêmico Sérgio Rezende declarou-se muito satisfeito com o comprometimento do prefeito no desenvolvimento da C&T no Rio de Janeiro, pois segundo ele esta postura está em consonância com a disposição do governo federal. “Todos os estados e municípios devem seguir este exemplo, pois esse é o caminho para mudar o patamar de desenvolvimento do nosso país”, destacou o físico.

Para encerrar a participação das autoridades no evento, o governador Sérgio Cabral cumprimentou a IAU pela decisão de escolher o Rio como sede da sua 27a Assembléia Anual, a primeira realizada no Brasil. “As belezas naturais da cidade conquistarão seus corações assim como os senhores buscam conquistar o espaço. E por favor peçam às estrelas que apoiem o Rio para sede das Olimpíadas de 2016”, concluiu Cabral.


Catherine Cesarsky, Eduardo Paes, Sérgio Cabral, Sérgio Rezende, Jacob Palis e Alexandre Cardoso

Sobre o evento

O Ano Internacional da Astronomia foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2009 para comemorar algumas datas significativas e importantes conquistas no campo da pesquisa e exploração celeste em todo o mundo. Em 1609, por exemplo, há 400 anos, o cientista francês Galileu Galilei realizou as primeiras observações telescópicas do céu, revelando segredos até então desconhecidos pela humanidade, como as luas de Júpiter. Em 1969 -, ou seja, há 50 anos – o cientista americano Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua.

Durante o evento serão apresentados temas variados, como as diversas populações estelares e como estudá-las, os objetos gelados do sistema solar (entre eles, a procura por água fora da Terra), a variabilidade das estrelas e seu impacto na Terra e em outros planetas, a evolução química do universo, os aglomerados de estrelas, a evolução de galáxias e buracos negros, e muitos outros.

Serão quatro conferências plenárias. A primeira, no dia 5 de agosto, será ministrada pelo pesquisador italiano Franco Paccini, que falará sobre os quatrocentos anos do uso do telescópio para observação astronômica, iniciado por Galileu. A conferência abordará a evolução do telescópio e dos detectores, que nos permitiram ter um conhecimento mais profundo em todas as regiões do espectro eletromagnético e do cosmos que nos cerca. Esta mesma conferência, com tradução simultânea, será repetida para o público em geral, no dia 7 de agosto, no Planetário do Rio de Janeiro, na Gávea.

O pesquisador americano Jim Bell III apresentará a palestra Água nos Planetas, em que debate a procura e a importância da descoberta de água, em particular no estado líquido, fora da Terra. Essa busca está relacionada à procura de vida fora da Terra e com a exploração do sistema solar pelo homem. O pesquisador também falará no Planetário, para o grande público, com ênfase na exploração de Marte, o planeta vermelho.

No dia 10 de agosto, o alemão Simon White debaterá o uso de supercomputadores para reconstrução de estruturas observadas no universo a partir de uma quase uniforme mistura dos gases hidrogênio, hélio, matéria escura e radiação. Em 11 de agosto acontece a última palestra plenária, em que a chilena Maria Tereza Ruiz discutirá os resultados mais recentes de estudos com estrelas de pouco brilho e/ou massa.

Uma tenda de 450 metros quadrados ficará montada do dia 4 ao dia 8 de agosto na Cinelândia, no centro do Rio. No espaço, voltado para o público leigo, serão realizadas diversas atividades relacionadas à astronomia e ciência, como oficinas, mostra de filmes, planetário inflável, palestras de curta duração e observação do Sol através de telescópios. A Faperj terá um estande, onde uma equipe apresentará os programas de fomento à pesquisa da Fundação e exibirão vídeos de astronomia realizados em parceria com o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). A tenda faz parte do projeto Astronomia na Cinelândia: o público é a estrela, para divulgação e popularização da ciência, realizado pelo Mast e pela prefeitura do Rio. Veja a programação completa do evento.

Segundo a coordenadora do evento, a pesquisadora Daniela Lazzaro, a realização da 27ª Assembleia Geral da IAU no Brasil servirá para melhorar as pesquisas nacionais no setor, aumentar a cooperação internacional, além de mostrar à população o reconhecimento internacional que os estudos de astronomia brasileiros vêm recebendo. “No Brasil, somos por volta de 200 doutores em Astronomia e outros tantos estudantes, que fazem com que nossa comunidade atinja por volta de 400 pessoas. Um número relativamente pequeno, mas com atuação destacada no cenário mundial e aproximadamente 2% dos artigos publicados em todo o mundo sobre o tema”.