Entender como a floresta pode valer mais em pé e o que o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), está fazendo para transformar o Estado num diferencial para o resto do país. Este foi um dos objetivos da conferência Serviços ambientais e populações tradicionais, realizada em 16 de julho como parte da programação científica da 61ª Reunião da SBPC, em Manaus.
A secretária da SDS, Nádia Ferreira, destacou o tema da conferência como uma das pautas relacionadas a questão ambiental do Amazonas devido a grande riqueza de recursos naturais e humanos que devem ser valorizados.
“As políticas ambientais do Amazonas são referências no tratamento da questão dos serviços ambientais e na valorização das populações tradicionais. Ao iniciar uma política ambiental o governo visa não só a valorização da floresta, mas a mudança de comportamentos, o estímulo as boas práticas de conservação florestal e a qualidade da água e dos modos de vida”, enfatizou.
Como exemplo de iniciativas, ela citou o programa experimental Bolsa Floresta, realizado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que oferece incentivos às populações tradicionais que colaboram com a conservação do ecossistema amazônico e citou ainda o Centro de Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima) e o Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC) como pólos de desenvolvimento de ações em benefício do desenvolvimento sustentável no Amazonas.
“Nesse debate sobre serviços ambientais, as populações tradicionais adquirem uma relevância ainda maior por possuírem um cuidado especial com o ambiente, lutando contra o desmatamento e a degradação das florestas”, destacou.
Segundo o que foi apresentado, as formas de pagamentos por serviços ambientais podem ocorrer por meio de compensação: recompensa em dinheiro em benefícios para os mantenedores (conservadores) dos serviços ambientais (forma de reconhecer as populações tradicionais que possuem relação harmoniosa com os ecossistemas) ou pagamento: repasse em dinheiro ou em benefícios que cubram os custos de oportunidade de atividades econômicas que alterem ecossistemas relevantes.
Para a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Vera Val, que participou como mediadora do debate, a conferência serviu para mostrar aos interessados no assunto como um sistema compensatório vinculado a um programa de política pública pode, gradativamente, incluir socialmente essas populações de forma que todos saiam ganhando. “A academia vê no desenvolvimento científico e tecnológico e nos projetos de inovação aplicados nessas comunidades meios ou alternativas de sobrevivência aliados à preservação”, disse.
INCT em Serviços ambientais
O diretor do Inpa, Adalberto Val, que é vice-presidente da ABC para a região Norte, comentou sobre a importância do tema para pesquisadores e para a sociedade, enfatizando o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Serviços Ambientais, instalado no início de 2009 como parte dos programas de incentivo à pesquisa administrados pela Fapeam, em parceria com o CNPq e o BNDES.
Segundo Adalberto Val, esta é a primeira vez na história que o governo executa e administra um programa, ou melhor uma política pública, baseada em informações científicas confiáveis. “Nós não temos ainda todas essas informações, mas o que já conhecemos permite a execução de ações importantes como esta que o governo está implantando agora. A implantação de INCT em Serviços Ambientais, que recebe o apoio da Fapeam, vai permitir que este programa de governo se torne mais efetivo e com resultados mais apropriados e com um grande poder de inclusão social”, destacou.