Realizada no campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com o tema Amazônia Ciência e Cultura, a 61ª Reunião Anual da Sociedade para o Progresso da Ciência (SBPC) contou com a Tenda da Ciência, ocupando 6.000 m2, com estandes dos institutos e centros de pesquisa, universidades públicas e privadas, agências de fomento e fundações de apoio à pesquisa. Neste espaço foram realizadas entrevistas coletivas, como a do ministro do Meio Ambiente Carlos Minc,em 15/7, que citou a Academia Brasileira de Ciências como uma das instituições parceiras na elaboração de
A SBPC Jovem é organizada pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT) e voltada para estudantes do ensino fundamental, médio e técnico e suas atividades são divididas em quatro eixos principais: comunicação oral, exposições interativas de tecnologia, apresentação de pôsteres e oficinas educativas. O evento teve participação de estudantes não só do Amazonas mas também do Ceará, Bahia, Pernambuco, Paraná, Minas Gerais e São Paulo. A idéia é estabelecer um vínculo entre a ciência de hoje e os cientistas de amanhã, segundo a coordenadora do evento, Anete Jeane Ferreira.
A vice-presidente da SBPC e Acadêmica Helena Nader, entusiasta do estímulo à atividade científica junto aos jovens, afirma que a SBPC Jovem consolida um novo perfil para a iniciação científica na Amazônia. “É fascinante ver esse despertar para a ciência cada vez mais cedo”, observou a cientista, referindo-se à SBPC Mirim, que está no seu terceiro ano e é voltada para crianças menores. Para ela, esse despertar tende a mudar o paradigma da educação no país, pois os alunos passarão a exigir maior participação no processo educativo.
No estande do projeto Casa da Física, construído com mais de 20 mil garrafas PETs, esta é vivenciada através de experiências simples e divertidas. “Física é a ciência que trata dos componentes fundamentais do Universo, as forças que eles exercem e os resultados destas forças”, diz o professor José Pedro Cordeiro, que coordena o projeto. Contando com mais de 30 monitores dos cursos de graduação de Física, Ciências Naturais, Engenharia da Computação, Estatística e outros, o projeto funciona desde 2004 e atende a mais de mil alunos do ensino básico por sábado, oriundos das escolas municipais e estaduais.”O aluno precisa interagir com a disciplina, e isso só pode ser feito por meio do experimento, que facilita essa aproximação e o entendimento das equações. Após esse contato, a teoria se torna muito mais fácil, o aprendizado prazeroso e, sem dúvida, o aluno passa a gostar mais de ciência”, argumenta Cordeiro.
A SBPC Jovem conta também com um planetário, onde o público pode conhecer o céu de perto. As observações nos telescópios são supervisionadas pelo professor João Batista, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Em 1609, Galileu Galilei fazia as primeiras observações astronômicas com o auxílio de um telescópio. A ONU declarou o ano de 2009 como sendo o Ano Internacional da Astronomia e, para celebrar a data histórica, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) montou seu planetário móvel”, explicou o professor. O ambiente simula um passeio pelo Sistema Solar e apresenta o funcionamento da dinâmica dos planetas.
O tataraneto de Charles Darwin e Membro Correspondente da ABC, Randal Keynes, inaugurou a exposição Darwin Now na SBPC Jovem, com painéis cedidos pelo British Council. Keynes, pela primeira vez em Manaus, ressaltou a importância de um evento voltado para o público jovem, pois considera as crianças e jovens o futuro da ciência.
Dentre as palestras da atividade Encontro com o cientista, o físico amazonense Alberto Franco de Sá Santoro, que estudou no Rio de Janeiro e depois na França, conversou com os estudantes, perguntou sobre suas aptidões e anseios profissionais e contou um pouco da sua história de vida. “Eu acredito no exemplo. E eu sou exemplo de que vocês, que hoje estão estudando e às vezes não imaginam o quão longe pode chegar, podem estar um dia no meu lugar. Fui pobre e, como vocês, também estudei em escola pública”.
A oficina Contação de história: conto afro-brasileiro, que valoriza o negro brasileiro com o objetivo de diminuir o racismo e resgatar a história dos povos afro-descendentes, foi um sucesso durante o evento. A professora pernambucana Daisy Quirino, contou histórias e estimulou as crianças a fazerem seu próprio conto e ler para os colegas. “Estamos mostrando para as crianças que somos todos iguais em direitos e deveres, independente da cor de pele e cultura. A diferença e a mistura é que nos fortalece”, afirmou a professora.
Diversas oficinas, como a de leitura da Ciência Hoje para Crianças e outras sobre meteorologia, mudanças climáticas, preservação da biodiversidade, controle da malária, reciclagem de lixo, comatemática do cotidiano, variações lingüísticas na cidade de Manaus, construção de blogs e análise de alimentos também agradaram em cheio aos jovens presentes, mantendo os espaços interativos da Reunião Anual da SBPC cheios e movimentados durante todos os dias do evento.