O Membro Estrangeiro Dr. Alfred Maddock, conhecido entre seus amigos e colegas como Alfie, nasceu perto de Londres em 1917. Graduou-se na Universidade de Londres, onde desenvolveu seus estudos até o pós-doutorado, com o Professor H. J. Emeleus. Entre 1939 e 1945, trabalhou com energia atômica no Tube Alloys Project. Sua carreira acadêmica se deu na Universidade de Cambridge. Seus interesses acadêmicos eram bastante abrangentes, incluindo a química associada a transformações nucleares, extração de solventes, radiação de sólidos inorgânicos e a espectroscopia de Mössbauer.

Maddock atuou como consultor da International Atomic Energy Agency para projetos de energia atômica em vários países. Desenvolveu fortes vínculos na América do Sul, onde recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico do Governo do Brasil. Com mais de 300 artigos publicados, o cientista obteve o reconhecimento de sua obra através dos títulos de Doctor of Science and Reader in Radiochemistry, da Universidade de Cambridge, e de Doutor Honoris Causa da Universidade de Louvain, na Bélgica. Foi contemplado também com a Becquerel Medal, oferecida pela Royal Society of Chemistry.

Os pesquisadores que tiveram o privilégio de trabalhar com Alfie acharam a experiência imensamente estimulante. Ele guardava em sua mente o que parecia um conhecimento científico enciclopédico que, combinado a uma rara intuição científica, o tornaram um cientista extremamente imaginativo e inovador. A despeito dessas qualidades, Alfie se manteve sempre modesto em relação às suas qualidades científicas.

Além de sua intuição científica, que sustentava sua relação com alunos e colaboradores, Alfie será lembrado por sua personalidade generosa e acolhedora. Era um verdadeiro amante da vida, especialmente da boa comida e dos bons vinhos. Ele e sua esposa Margaret serão lembrados por muitos de nós pelas noites memoráveis na sua casa em Cambridge. O casal aproveitava as oportunidades de viajar pelo mundo e tinha amigos nos diferentes continentes.

Alfie era uma figura humana que despertava afeição em muita gente. Isto ficou provado quando, em sua aposentadoria, mais de cem ex-alunos e colaboradores de várias partes do mundo se reuniram num fim de semana em Cambridge em sua homenagem.

O cientista permaneceu ativo na ciência após a aposentadoria. Enfrentou a doença com coragem e manteve-se feliz nos últimos anos de vida, mantendo inclusive com o autor deste artigo um bom intercâmbio científico até dois meses antes de sua morte, em 5 de abril de 2009, próximo ao seu 92º aniversário.